Aulas 24 e 25 – Quando Nada lhe é Suficiente

Live Aula 24: https://youtube.com/live/uetfRNdl__w

Live Aula 25: https://youtube.com/live/bCnc8WXOlGc

 

Se a lógica lhe indica que a vida é um mero acidente sem sentido, não renuncie à vida. Renuncie à lógica.

ECLESIÁSTES

 

Me recomendaram um livro que se chama “Quando Nada Te Basta”, e me dediquei a encontrá-lo. Estava esgotado por toda parte. Demorei cerca de um mês para conseguir, e por fim, chegou às minhas mãos. Só posso dizer que o adquiri numa segunda-feira à tarde e o terminei de ler na manhã seguinte. Por favor, não pense que se trata de um livro pequenino. Não, em absoluto, ele tem mais de 210 páginas. Eu leio muito rápido, mas confesso que mesmo assim, este é um dos poucos livros em minha vida que eu li em tão pouco tempo. Fiz isso, não pela capacidade de ler muito rápido, mas porque o autor me atraiu. Eu li, literalmente, centenas de livros em minha vida, digo com modéstia à parte; e muito poucos foram os que me chamaram a atenção como este. Deste modo, quero dedicar este capítulo, com todo respeito e admiração ao autor deste libro, Harold Kushner, e ao mesmo tempo espero gerar em você, querido leitor, um momento para crescer nossa autoestima como tudo o que temos compartilhado.

Carl G. Jung disse uma vez: “Cerca de um terço dos meus pacientes não sofre de uma neurose clinicamente definível mas sofre com a loucura e futilidade em sua vida. Isto pode ser chamado de a neurose geral de nossos tempos.”.

Se C.G. Jung fosse vivo, eu ficaria encantado em dizer-lhe que estou totalmente de acordo com ele. Os psicólogos atuais asseguram, que poderia incrementar a cifra de um terço de Carl G. Jung a dois terços. Uma das principais fontes de depressão em nossos dias é o vazio existencial. Essa falta de sentido em nossas vidas, essa ausência de emoção por existir, pode chegar a adoecer um ser humano, alcançando, em algumas ocasiões inclusive, até a morte.

O dito acima foi descrito há muitos anos pelo Doutor Victor Frankl em seu extraordinário livro “O Homem em Busca de Sentido”. Porém, Harold Kushner aborda o tema desde uma perspectiva mais prática e comum no trabalho diário do homem moderno. Uma das perguntas mais difíceis de responder em nossa vida é: Para que existo? Como justifico meu existir? E se encontra uma resposta em “alcançar alguma meta”, surge outra pergunta: O que vai acontecer quando eu a alcançar? Oscar Wilde certa vez escreveu que: “Neste mundo, apenas existem duas tragédias. Uma é não obtermos o que desejamos, e a outra é obtermos”. O que ele tentava nos advertir é que, por mais que nos esforcemos para alcançar o êxito, este sempre nos deixará insatisfeitos porque sempre queremos mais.

É então quando, parece que nada nos basta. E que o homem, você e eu, na realidade não está sedento por fama, conforto, riqueza ou poder. Estas gratificações criam quase tantos problemas como os que resolvem. Nós seres humanos estamos sedentos de sentido. O que nós queremos é a sensação de termos aprendido a viver de forma que nossa existência se faça importante, de modo que o mundo seja pelo menos um pouco diferente pelo simples fato de nós termos transitado por ele.

O que é a vida além do mero existir, comer, dormir, trabalhar e gerar filhos? Por acaso somos iguais aos animais salvo da capacidade de questionarmos o sentido da vida? É muito difícil responder a esta pergunta, mas mais difícil ainda é evitarmos respondê-la. Neste capítulo não tenho a intenção de dar a resposta a esta transcendente pergunta. Porém, tenho a intenção de compartilhar um momento para crescer com você ao nos determos a pensar se temos vivido como corresponde, se temos malgasto nossa existência ao vivermos “esperando” o milagre que nos revele o misterioso sentido da vida. A busca por uma vida mais plena é um dos temas religiosos mais antigos, e na Bíblia é descrito magistralmente no livro de Eclesiastes.

É um livrinho muito pequeno, apenas umas doze páginas. No entanto, como dizem os especialistas em Bíblia (Harold Kushner é um deles), não há nada em que se assemelhe nas escrituras. É a história de um homem irritado, cínico e cético, que tem dúvidas acerca de Deus e questiona o imperativo de se fazer o bem. “Qual o lucro que o homem tira de todo o trabalho com o qual se esforça sob o sol?” pergunta nas primeiras linhas. Trata-se de um homem que se pergunta com insistência e de uma maneira grosseira e confrontativa, o significado do que o ser humano faz. “Como? para que? Que sentido tem a sabedoria ou a riqueza, o prazer ou a saúde?para que fazer o bem aos outros se não há justica?” Esse é o tipo de abordagem que este homem faz e ele consegue desafiar a ortodoxia de seus tempos. Com base neste pequeno livro da Bíblia é que damos lugar a reflexões sobre o significado da existência.

Continuemos comentando. Se você pudesse viver sem restrições, se lhe fosse permitido fazer o que lhe viesse à cabeça, se qualquer um fizesse sua vontade, isso lhe faria feliz? Seria capaz de utilizar todo esse poder de maneira que sua vida adquirisse sentido de forma perdurável? Um dos classicos da literatura mundial, o poema dramático “Fausto” de Goethe, a história de um homem que vende sua alma ao diabo, gira em torno destas perguntas. O doutor Fausto, herói do poema, é um cientista e erudito de meia idade, que abandonou toda esperança de encontrar sentido para a sua vida. Lhe assalta o temor de chegar ao fim de sua existência sem nunca ter experimentado o que é realmente estar vivo. Por isso faz um trato desesperado com o diabo: promete lhe entregar sua alma em troca de apenas um instante sobre a Terra no qual possa exclamar: “Este momento é tão gratificante que eu desejaria prolongá-lo para sempre”.

O mais belo desta obra, pelo menos para mim, foi saber que Goethe passou sua vida inteira a escrevendo. Queria que fosse sua maior afirmação acerca do sentido da vida, a mais perdurável obra literária que deu sentido à sua própria vida. Começou a escrevê-la aos vinte anos de idade, logo a deixou para realizar outros projetos, retornou a ela aos quarenta e terminou pouco antes de morrer, aos oitenta e três anos. Embora não possamos saber com certeza o que o velho Goethe sentiu ao escrever uma linha particular, é fascinante ver como as expectativas do personagem principal sobre a vida mudam desde o início até o final da história.

No principio, o jovem Fausto deseja experimentar tudo, viver sem limites; na idade adulta, o diabo lhe dá dinheiro, poder político, ser amado pela mulher que desejar, etc. Mas Fausto faz tudo sem poder ser feliz. Por maior que seja a fortuna que adquire, ainda existe uma sede inextinguível dentro dele (quantos Faustos não conhecemos, não é?). No final da peça, Fausto já ancião se dedica a ajudar os outros, construindo diques para recuperar a terra do mar, para que as pessoas possam morar lá. Então, quando Fausto ajuda os outros, pela primeira vez em sua vida, ele consegue dizer: “Este momento é tão gratificante que eu desejo prolongá-lo para sempre”.

Quando jovem, eu admirava as pessoas inteligentes, agora que sou velho, admiro os bondosos.

HAROLD KUSHNER

 

Com esse brevíssimo resumo da obra Fausto quero apontar para uma das experiências que mais dá sentido à vida de todo ser humano: Ajudar. Cedo ou tarde você se dará conta disso. Eu garanto que não é necessário ler isso aqui. Logo se dará conta, se já não tiver percebido. No entanto, um dos maiores desafios para nosso entendimento é nos darmos conta também de que “ajudar os outros” não é garantia de que ao fazer o bem, os outros o ajudem em honra à justiça, dando assim sentido à sua atitude de ajuda original.

 

Não caia nesse jogo. A ilusão de que o mundo será justo conosco porque somos bons, é como esperar que o touro não nos atacará por sermos vegetarianos. Por favor, não tome minha postura como pessimista, tome-a como como saudável e muito real. Eu digo saudável para evitar muitas enfermidades que podem lhe acometer ao ver frustrada sua expectativa de justiça neste mundo. Eu aprendi que neste mundo não há justiça, apenas existe a sublime opção de amar e assim podermos perdoar qualquer injustiça.

Eu, assim como você (estou certo), tenho presenciado vários sinais de injustiça universal: a doença das boas pessoas, a morte repentina, o fato de assassinos saírem impunes enquanto pessoas corretas perecem na pobreza, o abandono de um filho a seu pai que lhe deu tudo, abusos de confiança e traição entre amigos, etc.

Por isso decidi não centrar o sentido da vida na justiça, mas no amor (com seus milhares de manifestações). Esse amor que nos dá força para perdoar e seguir em frente. Na verdade, se a lógica diz a você que no longo prazo nada é diferente porque todos nós morremos e desaparecemos, então não vivamos no longo prazo. Em vez de viver amargurado pelo fato de que nada dura, aceite-o como uma verdade da vida e aprenda a dar sentido ao transitório, às alegrias que logo se esvaem. É uma postura muito mais saudável, acredite.

Aprenda a aproveitar o momento, mesmo que não dure pela eternidade. Além disso, aproveite porque é apenas um momento que não vai voltar. Aquela viagem de paisagens espetaculares, aquela carícia, aquele olhar de ternura, aquele reencontro, aquela refeição, aquele jogo do seu time preferido, aquela conversa e, porque não, esta leitura. Cada momento faz sentido. Os momentos de nossa existência podem ser eternos sem serem perpétuos. Essa é a magia e o enorme poder de uma memória. Esse poder está dentro de você.

Quando deixarmos de procurar a grande resposta que dá sentido eterno à vida, quando deixarmos de procurar “o sentido” da vida e, em vez disso, nos dedicarmos a preencher cada dia com momentos que nos gratificam, encontraremos a única resposta possível. Duvidar do sentido da vida. A vida não é escrever livros famosos, acumular grandes fortunas ou reunir um enorme poder, mas sim amar e ser amado. É desfrutar da comida e sentar ao sol em vez de comer correndo para voltar ao escritório. É curtir a beleza dos momentos efêmeros, do pôr do sol, das folhas que mudam de cor, dos raros momentos de uma profunda e verdadeira comunicação humana. É saboreá-los em vez de colocá-los de lado porque estamos muito ocupados e lamentamos que não durem até que tenhamos tempo para experimentá-los.

Desperdiçar uma vida inteira para encontrar um único significado para a existência é como tentar comer uma única refeição suculenta para nunca mais sentir fome. Quando perguntado: Qual é o significado da vida? Não há uma resposta, mas muitas: o amor, a alegria de trabalhar, os simples prazeres de uma refeição e roupa limpa, conviver com um amigo, enfim, a lista é interminável, são todas as pequenas coisas que normalmente se perdem na busca tola pela grande solução, mas que só surge quando paramos de procurá-la com tanta ansiedade.

Foi assim, caro leitor, que descobri que a partir da simples colocação da pergunta: Qual é o sentido da vida? Há um grave erro. Percebi que existe desde seu ponto de vista e que muitos, inclusive eu, ficamos magoados por termos nos lançado na exaustiva busca de uma única resposta. A pergunta bem formulada deve ser: Quais são os significados da vida? Então, e somente até então, não encontraríamos tempo ou espaço suficiente para respondê-la.

Se você e eu chegarmos a esta fase da vida e percebermos a grande quantidade de coisas que existem para dar sentido à nossa vida, e se formos além e percebermos outra enorme quantidade de coisas que não podemos fazer nem obtemos, e mesmo assim conseguimos desfrutar do que fazemos e do que obtivemos, conseguiremos justificar plenamente a nossa existência. Assim, e em plena honra da verdade, percebemos que a vida não tem um sentido, mas vários sentidos, poderemos viver um sentido autêntico no dia a dia. . .

Emoção por existir!

JCF

Tradução: Adri Bomtempi

Aula 23 – Problemas – Opções de Melhora

Live Aula 23: https://youtube.com/live/Yv-sMVf-mEU

Um problema é, quando se apresenta, a sua oportunidade de dar seu máximo esforço.

Duke Ellington (Músico, compositor e diretor estadunidense)

Todos temos vivido momentos onde parece que tudo são problemas, e já não queremos saber de nada nem de ninguém. Momentos onde verdadeiramente nos sentimos abatidos, desiludidos, frustrados ou dramaticamente zangados. Todas essas emoções são normais no gênero humano. Mas por que chegamos a nos sentir zangados ou frustrados ou deprimidos? Pois tenha plena certeza de que chegamos a nos sentir assim, porque alguém não cumpriu com nossas expectativas. Não realizou o trabalho que nós esperávamos, não nos deu essa mostra de ternura e carinho que pensamos merecer, nem nos deu a liberdade que queríamos, ou alguém nos pôs de lado. Até aqui, tudo parece indicar que como causa de nossa desavença teve “alguém”. Porém, lamento dizer que esse “alguém” não é outro além de você mesmo.

Veja, o mais interessante para analisarmos agora é que todas essas sensações debilitantes são fruto de nosso interior, de como vemos as coisas, de nossa forma muito particular de apreciar os fatos. Nós é que decidimos nos sentir mal diante de um problema. Acredite em mim ou não, é assim. Todos nós criamos um problema dentro de nossa mente quando alguém ou algo não se ajustou a nossos parâmetros de resultados. O problema, na realidade, não existe como tal, apenas nosso desacordo com as circunstâncias que se apresentaram e criam dimensão unicamente através de nós mesmos. Essa debilitante perspectiva dos atos (quando só vemos problemas) é que nos impossibilita de vermos as oportunidades que existem “atrás” de um aparente problema. Quero lhe afirmar algo: SEMPRE há uma oportunidade oculta atrás de algum problema, e o mais comum é: CRESCER.

As adversidades são feitas para estimular

e para não remover o humor.

O espírito humano fortalece na luta.

– WILLIAM E. CHANNING Teólogo estadunidense)

 

Já faz alguns dias, tivemos um problema no escritório – embora eu tenha que informar que nós chamamos de “opção de melhora”. Decidimos confiar em alguém para a realização de certos projetos e esse alguém resultou ser um medíocre, um palhaço, irresponsável e ladrão. Quando percebemos que esse peculiar sujeito nos roubou uma soma muito importante em dinheiro, a primeira reação de nossa parte foi funesta (a nível de pensamento), mas alguns minutos depois do desagradável acontecido, graças à filosofia de uma Nova Consciência, encontramos uma enorme opção de melhora por trás deste “aparente” problema. O projeto que havíamos encarregado a esse alguém, acabamos fazendo nós mesmos. Resultado: uma considerável economia nas finanças e um dramático crescimento em nosso conhecimento e autoestima. A única coisa que posso comentar é que, apenas 48 horas depois deste aparente problema, surgiu um grande crescimento intelectual, econômico e moral em nós –  e confesso que muito especificamente em mim. Se não fosse por aquele “problema”, nunca teríamos dado conta do roubo ao qual estávamos sendo submetidos mês a mês. Se não fosse por aquele “problema”, nunca nos sentiríamos obrigados a aprender e dominar certas habilidades que hoje já adquirimos. O resultado é inegável: crescer e melhorar!

O prazer que é gerado ao se resolver um problema é a consequência lógica de descobrir a grande opção de melhora que existe nele, e assim, pôr as mãos à obra e agir de imediato para melhorar.

Esta é a razão pela qual sempre convido as pessoas a expulsarem de seu vocabulário a palavra “problema”, e quando necessitarem fazer alusão a ele, o nomeiem como “uma opção de melhora! Veja, agora você percebe, o que prefere que alguém diga: temos um problema, ou temos uma opção de melhora? Não é verdade que a sensação é totalmente diferente? No entanto, está se referindo à mesma coisa. Agradeça por ter “opções de melhora”. Estas “opções de melhora” são as que geram autênticos momentos par crescer.

Pois bem, agora você já sabe que os “problemas” são oportunidades de crescimento ocultas, verdadeiras opções de melhora. Porém, precisamos aprender como os percebemos assim, como transformar nossa perspectiva para que sempre possamos observar mais além do que o evidente e possamos apreciar o que há por detrás. Você se interessa em saber como fazer isso? Eu suponho que sim, pelo simples fato de ter chegado até este ponto da leitura.  Compartilharei várias reflexões de crescimento interior para resolver qualquer “problema”, para optar pela melhora. Comecemos com as seguintes quatro premissas:

 

*Você é maior que seus problemas (inclusive frente aos problemas gigantescos).

*Você decide de onde olhar para o problema (fenômeno do enfoque).

*Você é o único que dá importância ao problema. O problema em si carece de todo valor e importância).

Você quem decide quais palavras vais usar para se referir a ele, e dessa maneira, o debilita ou fortalece.

Quando lhe digo que você é maior que seus problemas, estou lhe dizendo uma grande verdade. Só que você necessita é crer nisto – “perceber”, como tudo em sua vida. Sua autoestima deve ser tão grande que lhe permita apreciar esta inegável verdade. Eu repito: você é maior que seus problemas.

De fato, uma das terapias mais efetivas frente a um problema é, enquanto o percebe, repetir fortemente em seu interior: “Eu sou maior que este problema”. Faça isso uma e outra vez e sua mente começará a se abrir para dar espaço à percepção da oportunidade oculta que há por detrás deste problema. Faça a prova e constate o resultado. Se Deus, está com você, quem poderá estar contra, que seja maior que Ele? Veja por esta perspectiva e perceberá a força que nasce em você. Verá que nada poderá lhe deter.

 

Nas adversidades se manifesta a luz da virtude.

Aristóteles – Filósofo grego

 

Por outro lado, algo que amedronta muitas pessoas é “o tamanho” do problema. Tanto pode se tratar daquele garoto grandalhão que ameaçava o outro pequeno e débil na escola, como a grande magnitude de alguma discussão frente à sua pequena autoestima. O fenômeno é o mesmo: uma ilusão de ótica, já que o tamanho é sempre uma referência. Definitivamente não posso negar que aquilo que vemos maior nos impõe, impacta ou amedronta. Essa é a vantagem daqueles com um físico mais corpulento do que o resto da sociedade. Essa é a vantagem que levam os candidatos a algum cargo público, ao espalharem sua fotografia em tamanho gigantesco nos anúncios espetaculares nas ruas. Enfim, acredito ter sido claro ao explicar esse natural fenômeno psicológico.

Quando nos sentimos pequenos, percebemos a desvantagem. Isso está claro. Porém, é o mesmo princípio, precisamos ter em conta que não há nada maior que nós quando somos parte da Criação Divina. Ademais, tudo é uma ilusão de ótica. Por exemplo, se pegar uma moeda (objeto pequeno) e a colocar na frente de seus olhos, precisamente a alguns poucos milímetros de distância, poderá perceber a moeda sendo gigantesca e inclusive, “não poderá ver outra coisa”. Mas se afasta essa moeda de seus olhos, pouco a pouco perceberá que ela “fica menor”. No entanto, é evidente que a moeda não diminuiu de tamanho, ela sempre conservou sua dimensão intrínseca, porém é igualmente certo que “você a vê” menor e assim, lhe diminui a importância.

Você pode fazer exatamente o mesmo com seus problemas. Afaste-os (algo fácil de conseguir com o poder de sua mente enquanto pensa no problema) e você verá como ficam pequenos. Tenha em mente essa metáfora da moeda e pratique isso quando sentir algum problema “muito próximo” de você. Afastá-lo falando de outras coisas e empreendendo a ação para remediar qualquer questão. Quanto mais falar sobre o problema, mais ele se acercará de seus olhos.

A tragédia está nos olhos de quem contempla,

não no coração de quem sobre.

Ralph Waldo Emerson – Poeta e ensaísta americano

 

Agora, como o dicionário define a palavra “importância”? Ele define como algo que importa, que é muito conveniente ou interessante, algo com grande dignidade e qualidade. Porém, esta definição nos produz uma reflexão inerente ao conceito. Algo conveniente ou interessante para quem? Algo com dignidade ou qualidade com respeito a que? Definitivamente a resposta é: você. O parâmetro de referência é você e com o dito parâmetro é você quem também confere importância a algo ou alguém. Eu recomendo que sempre tenha presente que nada nem ninguém tem importância, salvo a que você tenha decidido dar. Essa perspectiva é muito útil para poder perceber as opções de melhora dentro de um problema conjugal, em alguma desavença com seus sócios ou amigos, em algum rompimento com seu/sua companheiro (a), etc. Sempre há algo de bom no mal. Sempre. É apenas uma questão de tempo para que chegue a perceber isso. Quando passam os meses ou os anos, e você olha para trás, muito possivelmente dirá: “aquele problema que eu tive, foi o que de melhor aconteceu para que hoje eu esteja onde estou. ” Tenha fé nisso e diminua a importância daquilo que lhe debilita. Tudo está em sua capacidade de decisão para dar importância ou não. Esse poder habita em você.

 

A adversidade depende menos dos males que sofremos do que da imaginação com a qual padecemos.

Fénelon – escritor francês

 

Por último, recomendo amplissimamente que tenha muito cuidado com as palavras que usa para se referir às suas dificuldades. Em mais de uma ocasião eu disse que as palavras conservam uma força emocional muito poderosa que podem debilitar ou fortalecer. Já lhe dei o exemplo de que a partir de hoje, com uma NOVA CONSCIÊNCIA, designa teus problemas como “opções de melhora”. Aqui compartilho mais alguns exemplos que o ajudarão a crescer:

 

Palavras Debilitantes:                  Nova Autoestima Fortalecedora:

 

tenho um problema                     tenho uma opção de melhora

estou me divorciando                  estou voltando a ter paz e harmonia

estou desempregado                   estou pronto para trabalhar

estou frustrado                          aprendi como não se deve fazer

estou deprimido                          estou em busca da felicidade

estou envelhecendo                    estou adquirindo mais experiência e estou ficando mais interessante

 

Estou plenamente convencido de que as palavras que usamos são verdadeiras profecias auto cumpridas. Não importa qual use, inclusive não importa se as perceba ou não, de uma forma ou de outra, suas palavras sempre afetarão seu estado de humor. É como você se refere aos diversos eventos que acontecem em sua vida, quer dizer, as palavras que você usa para fazer referência a esses eventos, transformarão a percepção que tem dos mesmos; sempre afetarão seu estado de humor.

 

Na vida devemos nos dar conta de que não existe nada que possamos perder totalmente; insisto, nada existe como uma perda total. Sempre haverá algum lucro, algum crescimento. Sempre.

Ainda que possa parecer difícil, lhe convido a, de maneira constante, você mantenha a visão global do universo. Por exemplo, um desempregado não precisa de um milagre para conseguir um trabalho, requer sintonizar com uma ordem divina que permita levá-lo para junto de quem necessita dele. Este exemplo me fascina. Permita-me repetir em outras palavras: uma pessoa desempregada  não necessita de trabalho, mas é necessário perceber que alguém precisa dele, e focar sua mente para “servir”. Esse alguém que requer que nosso serviço sempre existe. Apenas necessitamos “remover a moeda de nosso olho”, já que não nos permite ver esse alguém.

Toda desavença chega para partir. Sempre é assim. Lembre-se. Desta maneira, se você quer viver com uma NOVA CONSCIÊNCIA, as tragédias se converterão em bênçãos, as desvantagens em vantagens, os fracassos se transformarão em oportunidades e os desacordos serão acordos de Deus. Por isso, alta autoestima é uma forma poderosa de encontrar motivos para manter nossa emoção por existir.

JCF

Tradução: Adri Bomtempi

Aula 22 – Por que Eu?

Live Aula 22: https://youtube.com/live/0d5gdeuf_3w?feature=share

 

“Quanto mais vezes tomar decisões responsáveis, mais se dará conta de que dispõe realmente do controle de sua vida.

Alejandro Ariza

Neste capítulo vamos refletir a respeito da responsabilidade pessoal.

Quando queremos fazer algo experimentamos uma sensação muito diferente de quando temos que fazer. A diferença está entre saber se queremos ou temos que fazer as coisas. Esta sutil diferença de palavras resulta ser uma enorme desigualdade de emoções ao agirmos, e varia grandemente nossa habilidade para respondermos diante daquilo que temos feito. Precisamente esta habilidade para responder nos fornece o grau de sensatez e seriedade no que fazemos, as medidas de nosso compromisso.

A grande maioria das pessoas disse pelo menos uma vez: “E …por que eu? ”, quando alguém pediu para que fizessem alguma coisa. Isso acontece mais comumente em nossa infância (física ou mental), quando chegava alguém “maior” que nós e nos dava uma razão, sua razão para que nós agíssemos por obrigação (e medo) e fizéssemos aquilo que o grandalhão queria. Assim, em nosso trabalho diário, existem diferentes causas que explicam o nosso comportamento. No entanto, todas essas coisas poderiam ser incluídas em apenas dois grupos: razões e motivações.

Esta é uma tese muito pessoal (proposição mantida com lógica) acerca das causas de nosso comportamento. O que fazemos, o realizamos por razões ou por motivos. A grande diferença entre ambas as causas é que a primeira provoca o “ter que” fazer as coisas, originando uma pesada obrigação; enquanto os motivos geram o “querer” fazer as coisas, originando uma orgulhosa responsabilidade. E é aqui onde queria chegar com você.

Se jogarmos com a palavra responsabilidade, nos parecerá que se formou da junção de outras duas palavras: responder e habilidade. Então, a responsabilidade bem poderia ser entendida como a habilidade ou capacidade para respondermos perante algo, algo que escolhemos livremente.

Esta poderosa habilidade para responder e saber que se está apto para viver um compromisso, é a dimensão a qual nos leva nossa responsabilidade, diferente de uma obrigação, que apenas nos leva a nos envolvermos com aquilo que fazemos, mas nunca nos compromete. Possivelmente será mais fácil entender esta tese com um pequeno diagrama:

CAUSAS

________________________________________________

RAZÕES                                  MOTIVOS

“TEM QUE FAZER”                      “QUERER FAZER”

OBRIGAÇÕES                        RESPONSABILIDADE

SE ENVOLVER                           SE COMPROMETER

Com o esquema acima me permito dividir com vocês a mágica e sublime dimensão de nossa responsabilidade. Ela surge de um autêntico motivo, e vem sendo esta causa interna que agita nosso ânimo e nos move até nos comprometermos com a ação; e absolutamente toda ação gerará um resultado e desse resultado, bom ou mal, devemos responder orgulhosos por nos conhecermos o autor. Isto é para mim a responsabilidade. De fato, ser responsável nos dá um enorme poder, nos diferencia do restante da comunidade, ao sermos capazes de responder diante de qualquer consequência do que temos feito, nos posiciona automaticamente como os autênticos donos de nossa vida.

Diferente da responsabilidade, a obrigação é o produto de uma razão, de uma causa externa que alguém nos impõe, talvez por identificar-se como alguém que exerce o poder sobre nós (aquele grandalhão, ou um pai, ou um chefe, etc.), e acabamos realizando, tendo que fazer, mas nunca chegamos a nos comprometer com os resultados que obtemos. Simplesmente estamos envolvidos em um processo. Distinguir entre estar envolvido e estar comprometido ficará muito claro, com uma pequena metáfora que ouvi há vários anos atrás, de um mestre.

É a seguinte: imagine um porco e uma galinha caminhando pelas ruas da cidade e conversando. De repente, ambos se detêm na frente de um restaurante e olham através de uma das janelas. Observam alguns clientes desfrutando vários pratos, entre eles havia um que comia ovos mexidos com bacon. Diante desta cena o porco disse: “Veja galinha, que sorte você tem! Eles consomem seus produtos e você continua aqui fora vivinha e rebolando, enquanto que um porco como eu, para que se consumam seus produtos neste mesmo prato, teve que dar a vida e morrer pela causa. ” A galinha está envolvida, enquanto o porco está comprometido, ele foi o único que deu a vida para estar lá.

Creio que se fizermos uma analogia desta metáfora com nossas vidas, explicaríamos que existem muitas pessoas que só se envolvem com o que eles fazem em suas vidas, muito poucas chegam a se comprometer. Existem muitas pessoas que fazem o que fazem porque têm que fazer, e seguem vivendo uma obrigação, sob o pesado julgo dos outros, enquanto que existe outro tipo de pessoas, mais felizes, que fazem o que fazem por causa da responsabilidade que gera seus motivos.

Se dê um tempo para pensar em você mesmo, um momento para crescer, e se fazer a pergunta: A que tipo de gente pertenço? O que eu faço, o faço por obrigação ou por minha própria responsabilidade? O que predomina no meu trabalho diário: razões ou motivos?

Se neste momento de reflexão concluiu que faz o que faz por ambas as causas, algumas vezes por razões e outras por motivos, é uma postura muito sensata de sua parte. Todos fazemos as coisas por razões ou motivos, no entanto, a grande diferença de qualidade em nossas vidas, está no predomínio de uma delas.

Na verdade, para estudar melhor essa predominância poderíamos trocar as perguntas pelas seguintes: Me responsabilizo verdadeiramente pelos meus atos? Com que frequência? Busco culpados por aqueles resultados insatisfatórios que eu tive? Com que frequência faço isso? Você verá que se responder sinceramente a essas perguntas, saberá a predominância em questão: razões ou motivos.

Poderíamos fazer mais uma reflexão: por favor, agora que você conseguiu entender o que temos aprendido nesta explanação, não volte a dizer a seu companheiro (a): “Meu amor, você é a razão do meu viver”. Já imaginou? Está dizendo que você tem que estar ali com ele (ou ela) por obrigação, mas não um para o outro. Lhe suplico que aplique o que aprendeu e diga ao seu (sua) companheiro (a): “Meu amor, hoje entendi que você é o meu motivo para existir”. Que tal, hein? Não é verdade que existe uma enorme diferença? Agora você manifesta que “realmente quer viver por ele (a) ”.

Mais uma reflexão: que motivador é saber ser o motivo de existir de outra pessoa! Chegar a ser motivo, é chegar a mover o coração de alguém para que queria, por própria decisão, ser, fazer e estar conosco e por nós. O tratamento amável (aquele com capacidade de amar) que damos aos demais, será o que nos transforma no motivo de viver de outra pessoa. Caramba! Confesso que tenho um impulso de continuar escrevendo a esse respeito, mas acredito que não terminaríamos nem em mil páginas. Seria todo um tratado acerca do amor e este não é o principal motivo deste presente ensaio.

Viver responsavelmente é ter em nossas mãos o destino que temos escolhido traçar em nossa existência. É saber que somos os únicos autores de nossa grande obra prima chamada: nós mesmos. E esta magnitude forja nossa responsabilidade. O preço é caro para entender esta proposta, o preço é a autêntica autoria, é saber que, o que você é no dia de hoje, é apenas o lógico resultado de tudo o que tem feito até agora.

Por exemplo, observe seu corpo. Observe com cuidado. Você gosta dele? Ele lhe desagrada? Pois bem, seja qual for a resposta que dê, é apenas o resultado do que você tem feito com ele desde os anos passados até agora. Observe sua mente, o resultado provém da mesma coisa, do que você tem feito com ela até o dia de hoje. Observe sua condição econômica. Novamente, é apenas o resultado de sua responsabilidade, do que tem feito com suas finanças até hoje. Entender isso, realmente compreender, nos levará a resposta da pergunta título deste texto: “E…por que eu?” Com a seguinte resposta: porque você escolheu, e apenas você pode alcançar o nível de compromisso, o compromisso com o resultado que você deseja gerar. Esta é a resposta que surge de um motivo, essa é a resposta que gera nossa responsabilidade.

Quero convidá-lo a incrementar sua responsabilidade para gerar a qualidade de vida que sempre desejou. Encontre motivos suficientes e profundamente emocionantes para iniciar a ação agora mesmo, e gerar o compromisso de seguir adiante. Do contrário, se não encontrar verdadeiros motivos, as razões aparecerão em sua vida. Essas razões são as que irão pesar de tal maneira, que a auto sabotagem aparecerá em sua vida mais depressa do que possa imaginar. Será a dieta que você começa na segunda e abandona na quarta-feira, será a prometida disciplina para fazer exercícios diariamente, mas que interrompe no segundo dia por qualquer outra causa, e não volta a recomeçar. A auto sabotagem é muito dolorosa, nos faz sentir culpa e vergonha de nós mesmos. No entanto, não é de todo grave, a única coisa que encontramos aqui é que não temos encontrado um motivo suficientemente emocionante e inquestionável para realizar a ação. A mera busca por esse motivo, a paixão por encontrar a força suficiente para agir, o fato de explorar dentro da enorme gama de opções que a vida nos oferece, são motivos suficientes para que você mantenha sua…Emoção por existir!

JCF

Tradução: Adri Bomtempi

Aula 21 – O Fator Aladim

Live Aula 21: https://youtube.com/live/Pd7G8ZoPCMg?feature=share

Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta.

Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta.

Mateus 7:7,8

 

Tenho a firme ideia de que muitos de nós crescemos, desde nossa mais tenra infância, programados com a crença de que pedir algo é mal, próprio dos medíocres, algo característico das pessoas abusivas. Pois bem, pode ser essa a questão, não nego, mas o caso isolado é extremamente diferente da crença de que pedir é ruim.

Na verdade, é algo saudável. Eu afirmo isto porque é algo que tenho vivido. A maioria das pessoas acredita que para conseguir o que se quer na vida é preciso visualizar, se esforçar, mentalizar, trabalhar duro, economizar, ter um sonho, comprometer-se com um ideal, etc.

Todas são respostas muito bonitas e estou totalmente de acordo que nos ajudam enormemente a obtermos o que queremos na vida, mas falando muito sinceramente, todas estas respostas poderiam ser “o passo seguinte”. O primeiro passo é: pedir. Mas, se nos negam, se não se fala nisso, pode-se passar para o “plano B” e então, trabalhar duro, esforçar-se, e todo o resto.

Em várias ocasiões em minha vida, passei por momentos em que não sabia se ria ou chorava, e lhe direi porquê. Creio que igual a muitas pessoas, eu passei por momentos de tristeza e desilusão, verdadeiramente debilitantes por seu desencanto. Há muitos exemplos, mas para citar um, era quando cheguei a me sentir mal e chateado com minha noiva porque ela não me avisava quando chegava em casa, depois de sair sozinha. Assim se passaram vários meses, e chegou um dia em que fomos conversar e, nesses momentos de conversa sincera, eu então lhe disse: “Veja, você não imagina como me deixa chateado por não ter a atenção de me avisar quando chega em sua casa. Já são muitos meses que venho sentindo isso e não queria falar, mas agora…, e ela me respondeu: “Não acredito no que me disse. É por isso que ficava tão distante no dia seguinte? ” “Às vezes”, respondi. “Pois eu não lhe avisava porque acreditava que ia incomodar, e você se sentiria oprimido, mas já que me pediu, eu com todo meu amor lhe aviso, isso me encantaria…” Bom, pode perceber porque eu não sabia se devia rir, chorar ou ficar chateado? Caramba! Quantas vezes não obtemos algo pelo simples fato de não termos pedido! Definitivamente quero que tenha a plena e absoluta certeza do seguinte: “Ninguém, absolutamente ninguém, tem uma bola de cristal para adivinhar o que o outro está pensando”. Essa tem sido uma grande lição em minha vida. De fato, hoje em dia existem ocasiões onde ainda escapa de minha mente e esqueço a poderosa força que há em pedir. Pedir é a verbalização de nossos sentimentos. Pedir é uma forma de comunicação sadia e profunda.

Quero aproveitar este momento para crescer, para desmistificar uma das crenças mais debilitantes que pude observar em muitas relações humanas – várias minhas entre elas – e que é a seguinte falácia: “Se você realmente me amou, eu não teria que perguntar, deveria ter tido iniciativa de sua parte.” Nada está mais distante da verdade! Confesso abertamente que eu era uma dessas pessoas que acreditava nessa ideia, de fato a defendia com poderosos argumentos. Porém, na vida prática – demasiado prática – me dei conta de que não era assim. Acreditar que se alguém nos ama implica que conhecerá nossas necessidades intuitiva e antecipadamente, é uma crença romântica porém muito distante da realidade.

No entanto, não descarto a possibilidade de que isso realmente ocorra e é muito bonito, mas não é a norma. Também lhe faço a seguinte advertência: esqueça esse comentário se sua companheira ou companheiro for psíquico ou adivinho.

Mas se é uma pessoa normal, convém lhe pedir.

Acredite por favor, existe um denominador comum em muitos de seus conflitos que é “não ter pedido”. Quantas moças deixaram de sair com seus noivos por medo de pedir permissão, como tendo uma bola de cristal, onde adivinhavam a proibição de seus pais. Quantas promoções nas empresas não foram dadas, porque não havia ninguém que se atreveu a pedir, e centenas de empregados vivem “esperando” ser promovidos, com a mera ilusão de que seus chefes percebam que eles mereçam. Quantos beijos e carinhos não foram dados porque não foram pedidos. Quantas viagens não se realizaram por não pedirmos o dinheiro que precisávamos. Quantos compromissos não ocorreram porque “não pediu o telefone”. Enfim, você poderia dizer: quantos conflitos e desencantos aconteceram por não se falar claro, por não pedir? Resposta: milhares. E é o orgulho que não nos deixa. Desgraçado orgulho que nos distancia dos amigos, termina noivados, dificulta relações no trabalho, diminui as famílias e acaba por nos jogar na solidão. Não quero falar de “pedir perdão” porque isso é parte de outro capítulo. Basta pensar sobre o que eu disse nessa frase e o que ela implica.

Quero compartilhar quatro reflexões que surgem da força do pedir:

  • Pedir implica uma grande autoestima.

Só pede o que tem a firme convicção de merecer e só merece aquele que sabe do grande valor. Pede sabendo que merece e verá a força mágica que gera dentro de si. Claro, o desafio está implícito, requer desenvolver uma autêntica autoestima para experimentá-la. O que não pede vive preso pelo medo. Medo da rejeição, medo da humilhação, medo do “não”. Porém quem desenvolve uma grande autoestima, perde o medo e gera uma grande valentia para si e para seu próprio crescimento como pessoa. Pedir é um privilégio dos valentes, dos seres humanos que se lançar a conquistar o “si”.

O temor sempre brota da ignorância.

Ralph Waldo Emerson (poeta e ensaísta americano)

  • Pedir é importante para sua saúde

Pedir implica ter chegado a níveis de comunicação profunda, onde se compartilham as verdadeiras emoções e sentimentos com alguém; é um desafio para melhorar a saúde mental de todo indivíduo, é quando a pessoa se reconhece como parte de uma comunidade e pedindo, satisfaz sua profunda necessidade humana de “pertencimento”. Neste nível de relacionamento é onde reconhecemos o amor, e bem sabe que com amor se gera uma poderosa força onde todo o corpo resiste e é mais difícil ficar doente, por isso, pedir também é sadio, fisiologicamente falando.

  • Pedir é o primeiro passo “lógico” para que Deus, seu chefe, sua família, seu noivo ou noiva, seus amigos, prestem atenção ao que você quer.

Lembra-se daquele ditado popular que diz: “Ao que não fala, Deus não ouve”? Pois é a isso a que me refiro. É mais que lógico.
Veja, embora saibamos que existam fenômenos de comunicação extra-sensorial, telepatia, viagens astrais e outras coisas, para o mais comum dos mortais resulta ser muito mais fácil uma dinâmica de comunicação mais convencional: pedir abrindo a boca. Agora, repare que lhe digo que pedir faz com que os demais saibam daquilo que você quer, mas nunca lhe disse que pedir faz com que os demais lhe deem o que você quer. Isso é outra coisa, assunto próprio de outro tratado. O que hoje você deve deixar claro, à luz da mais pura lógica, é que as outras pessoas NUNCA poderão nos conhecer, nos considerar e nos dar o que queremos, sem que elas saibam o que queremos. Se você pede, a possibilidade existe.

O homem que espera que o pato assado voe até sua boca, tem que esperar muito tempo.

Provérbio Chinês.

  • Pedir dá ao outro o prazer de ajudar-lhe

Aqui sim serei franco. Peça, mas peça de modo inteligente; ao dizer isso, me refiro a que para pedir, deve saber a quem. A melhor opção é pedir a pessoas generosas. Busque a pessoa que seja mais evoluída, que já tenha experimentado o prazer de dar e servir. Eu digo isso, porque em honra à verdade, existem pessoas que não conhecem o prazer de dar, são pessoas que se encontram em degraus muito, muito inferiores em seu crescimento. Possivelmente os conhece, mas com o nome de egoístas. A elas, logo chegará o seu momento de aprender o valor da generosidade, será uma lição muito dolorosa, mas isso é algo que não compete nem a mim, nem a você. A lei da vida – do bumerangue – é a que se encarrega de ensinar isso.

De fato, tenha cuidado se não pede, já que não pedir é uma atitude egoísta.

O que não pede sente que tem tudo, ou que pode tudo, e que não deve pedir para evitar o aborrecimento de dar quando – por igualdade e justiça – lhe peçam. Já viu esta interessante dinâmica psicológica? Desse modo, e curiosamente neste mesmo esquema mental, pedir é uma característica das pessoas chamadas generosas, pois sabendo que ao pedir cabe a possibilidade de que lhes peçam, abrem assim uma oportunidade para alegrar-se dando e ajudando. Me emociona compartilhar isso com você!

 

Se deixa escapar o amor ao não pedir por ele,

Ele vai escapar de sua vida.

Leo Buscaglia (escritor e conferencista americano)

 

Pedir e não sentir culpa por isso denota uma grande autoestima, manifesta um grande amor por si mesmo. Além disso, em seu crescimento como pessoa, aprenderá que na forma de pedir, está a de dar. Existe toda uma técnica para pedir com prudência, mas esse é tema para outro momento. Hoje apenas quero que reflita na grande quantidade de coisas que tem perdido, entre tantas que lhe oferece a vida, por não pedir, e que se atreva a esfregar a lâmpada de Aladim que todos levamos dentro de nós, para que salte o gênio e possamos pedir a ele nossos mais fervorosos desejos, para que ele os cumpra para nós. Tenho a impressão que deve esfregar bem essa lâmpada – muito bem – para remover a sujeira do orgulho e a escória do ego. Deve esfregar com um pano bem limpo chamado generosidade.

JCF

Tradução: Adri Bomtempi

Aulas 18, 19 e 20 – Ninguém Está Chegando

Live Aula 18: https://youtube.com/live/mtz86meiUMw

Live Aula 19: https://youtube.com/live/uEXNxQW12Rc

Live Aula 20: https://youtube.com/live/4ziUMZ_F3qs

Aquele que espera um milagre para continuar vivo e nada faz para que isso aconteça, corre o risco, enquanto espera, de morrer.

Alejandro Ariza

 

É possível que este capítulo desmoralize a algum leitor muito sensível; porém, me interessa deixar muito claro que essa não é a intenção da reflexão desde capítulo. Não, em absoluto. O que acontece é que nos confrontamos com uma grande verdade, topamos com uma clássica dinâmica psicológica que nos limita o progresso, e é a seguinte: A imensa maioria de nós vive “esperando” que alguém venha a nos salvar quando passamos por momentos de dificuldade. Muitos de nós vivemos aguardando “a chegada do salvador”, e nessa espera nos posicionamos em uma cômoda circunstância, passiva, sedentária, inativa e aguardando um milagre, nada fazendo por nós mesmos.

Esta tem sido uma das lições mais duras em minha vida.

Viver com a contínua esperança de que alguém ou algo nos salvará, viver com a ilusão de que no momento menos esperado de alguma dificuldade que afrontamos chegará nosso salvador, nos impede de desenvolvermos nosso potencial de êxito em sua plena totalidade. Quando digo “salvador” me refiro a figuras tais como: o pai, a mãe, o irmão mais velho, o amigo generoso e de grande bondade, a loteria nacional, o noivo, o sogro, seu chefe no trabalho, o Espírito Santo, um bilhete de alta denominação que tiramos, algum erro do caixa do banco que não nos cobrou os juros de nosso cartão de crédito, o sacerdote, o advogado, o anjo da guarda, o governo, Deus ou como você o conheça, o líder sindical, o marido, a avó milionária, o mestre corrupto que com algum dinheiro nos ajuda, o filho pródigo, o chefe que reconheça o quanto trabalha, etc. como vê, abundam as figuras de “o salvador”, e é por isso que temos acreditado que pelo menos um deles vem em nosso auxílio.

Caramba! Se são tantos, pelo menos um deveria estar inclinado aos nossos problemas e vir para nos salvar. Quantas pessoas pensam assim? Pois posso garantir que muitas, muitíssimas pelo menos em um nível inconsciente; assim vive a maioria das pessoas. Falo do México porque esse é o país que mais me importa, é onde vivo e onde pude crescer e me desenvolver. Por isso quero contribuir com essa reflexão, para que despertemos e nos demos conta de que ninguém virá para nos ajudar, mas longe de ser uma atitude pessimista, creio firmemente que é uma postura que fortalece nossa responsabilidade e nos faz autênticos donos de nossa própria vida, com todos os resultados que nela geramos, nada mais.

Farei uma pergunta e suplico que por favor seja sincero. O que é a primeira (primeiríssima) coisa em que pensa quando tem algum problema? Insisto, seja sincero, afinal, ninguém está olhando para o que pensa. Por acaso pensa em “alguém”? Se sua resposta for afirmativa, eu o felicito por ser sincero, você pertence à maioria das pessoas que está esperando um salvador (noivo, padre, amigo, etc.). Não se sinta mal se pensa assim. Eu posso garantir que já é parte de um inconsciente coletivo.

De fato, posso até dizer que uma das razões pela qual muitas mulheres buscam um companheiro, é para que ele seja seu salvador e “as tirem da pobreza”. Conhece gente assim? Eu conheço. É uma forma de agir a qual já não nos damos conta, simplesmente assim raciocina a maioria.

Pois é nesse momento onde conferimos ao outro a habilidade de nosso triunfo para sairmos garbosos de algum problema. Creio que isso tem nos prejudicado enormemente: dar a outro o que nos pertence por ser nosso. Está aí o grande erro: endossar a responsabilidade necessitando então desta outra pessoa. Temos gerado crenças erradas ao redor de tudo isso, valorizando mais a grande empresa na qual trabalhamos, o nível social superior, uma ampla rede de contatos pessoais, ao invés de nós mesmo, e nossa capacidade de criar e nos valermos por nós mesmos; não quero que pensem que estou sugerindo que vivam em uma ilha deserta como Robinson Crusoe, nem que um ambiente favorável é errado. A ideia principal é que isso não substitui seu verdadeiro valor: Você.

A necessidade que está ligada ao objeto ou alguém, concede a este, poder ou controle sobre suas emoções

WAYNE DYER escritor estadunidense

Em contraste, pude observar que as pessoas com grande autoestima se fazem drasticamente donas de si e pensam em resolver seus problemas por si mesmas. São pessoas que têm o conhecimento sadio de que ninguém virá em seu auxílio. São seres que tomam a iniciativa e não esperam que lhe aconteçam as coisas, mas que fazem com que as coisas aconteçam para seguir adiante. São autênticos líderes. São as pessoas que fazem a diferença em sua sociedade. São as que se convertem magicamente nos salvadores que os demais esperam. Percebe a enorme diferença nessa poderosa escolha? Na escolha de não esperar e optar pela ação. Optar por fazer com que as coisas aconteçam, esse é o mais autêntico poder pessoal.

Esta semana quero convidá-lo a um grande momento para crescer. Reflita e opte por esse grande poder pessoal que você leva dentro de si. Perceba que nada vira “resgatá-lo”. Mas perceba sem pena ou decepção, sem tristeza ou dor. Perceba que você não necessita que alguém venha para que siga adiante. A única coisa que precisa saber é que é você o único responsável por seus atos e que dentro de você se encontra suficiente força para iniciar a ação que o levará ao êxito que busca. Eu posso garantir que quando você “se der conta” plenamente deste grande segredo para triunfar, aparecerá em sua vida um enorme e transbordante prazer por saber que tudo depende exclusivamente de você. De ninguém mais. Este prazer é o resultado de saber ser o autor exclusivo de sua própria vida. Inclusive, pode chegar a perder o certo temor da solidão, e até a desfrutará de vez em quando.

Comparemos a filosofia de vida de uma pessoa de baixa autoestima comum com uma de alta autoestima comum, para tomarmos um exemplo contrastante que nos clareie ainda mais o aprendizado. A pessoa de baixa autoestima geralmente vive esperando que chegue a boa sorte, comumente espera que alguém venha ajudá-lo, enquanto que na cultura da alta autoestima comum, a pessoa nunca espera que alguém venha em seu auxílio para se iniciar a ação, ela faz as coisas necessárias para se encontrar com a boa sorte. Ela sabe que ninguém virá, então logo inicia a ação que o levará adiante de imediato. Em sua solidão se confronta com seu próprio desejo de superação e não espera por ninguém, mas imediatamente põe as mãos à obra.

Possivelmente este é também um reflexo do que acontece em termos gerais, a diferença entre primeiro e terceiro mundo. Qual sua opinião a respeito?

Gostaria de lhe explicar uma teoria que tenho a respeito do surgimento desse inconsciente coletivo de passividade (no qual se vive esperando, a cultura da dificuldade) nessa atitude de espera. Uma é a religião e a outra é o sistema de governo. Porém, antes de explicar minha teoria, permita-me clarear enfaticamente que nada tenho contra nossa religião ou a respeito das diferentes formas de governo. Simplesmente é uma análise objetiva do que poderia ser a causa deste inconsciente coletivo de passividade no qual vivem a maioria das pessoas. Primeiro a religião: você sabe, como eu, que a religião nos incutiu uma vasta rede de crenças, muitas das quais não pensamos a respeito, e não podemos sair delas. Para sair desta rede de crenças, a única coisa que se deve fazer é questionar-se a respeito delas, e desta forma, podemos perceber se ela tem servido para nosso crescimento ou se tem nos limitado em nosso desenvolvimento.

Questionando desta forma, pude observar que a muitos de nós foi dito durante muito tempo que “logo virá o Salvador…”, ou coisas tais como: ”está próxima a segunda vinda do Salvador…”, e outras semelhantes. E assim se foi forjando (devagar, mas profundamente) em nosso inconsciente a ideia de que alguém virá, alguém nos ajudará, alguém nos libertará do problema. Essa postura é muito cômoda. A única decepção que a maioria de nós tem, é que não nos disseram quando. Se soubéssemos quando virá o Salvador, estaríamos fazendo outra coisa em nossa vida, não vê? Talvez seja por isso que não nos disseram quando. Apenas nos iludiram. Mas tudo bem, a esperança é a última que morre. Como você pode ver, dessa maneira se criou uma atitude de espera na mente de cada um de nós, ou pelo menos na imensa maioria das pessoas, que não tem um conhecimento profundo de nossa religião (como pode ser o seu caso também). Assim nasce uma espera para viver a plenitude e a paz. Caramba! Se soubéssemos que essa plenitude e paz já podem ser vividas aqui e agora, apenas acreditando que nada virá, seja um mortal ou um personagem divino!

Por outro lado, nossas formas de governo durante muitas décadas instalaram um regime paternalista para o cidadão. Assim todos vivíamos esperando. Era o caso do burocrata que esperava a quinzena (embora não merecesse), era o caso do aluno que esperava ser aprovado nessa escola do governo (embora não merecesse), era o caso dos atletas que representavam nossa nação e esperavam que se patrocinassem seus gastos durante suas disputas (mesmo que não merecessem), era o caso de você e eu que esperávamos que nossos dirigentes resolvessem nossos problemas de poluição e congestionamentos no tráfego (sem que fizéssemos nada a respeito), era o caso do trabalhador que esperava a solução de seus problemas graças a seu líder sindical (mesmo que não tivesse nada a fazer). A lista é interminável, e a frequência desse regime paternalista foi outra causa para que se criasse na maioria de nós a atitude de espera.

Por favor, devemos jogar para o alto essa atitude medíocre! Devemos sair desse inconsciente coletivo “percebendo” o dano que isso nos traz. É a única forma para sair do inconsciente coletivo, é preciso perceber isso. E rapidamente criar um novo inconsciente coletivo, repleto de uma Nova Consciência do nosso próprio valor e onde sabemos que nada virá, mas sabendo com uma autêntica postura de responsabilidade. Assim eu gostaria de ter começado esse capítulo, com o título: “Ninguém Está Chegando: Uma Saudável Postura de Responsabilidade”. Saber que ninguém está vindo não é para deixá-lo deprimido porque não chegará o Salvador. Não, não, não. Essa é a sã atitude do Poder Pessoal para iniciar a ação que nos levará ao resultado que queremos. Esse poder está em você e só em você. Esta é a posição sábia, onde o sucesso pessoal é vivido.

Confesso que não tem sido fácil para mim dividir esses argumentos com você. Muitas vezes, eu mesmo sigo esperando que venha alguém para me ajudar. Por favor, não creia que ao ser sincero com você eu revele minha incongruência entre o que vivo e o que escrevo. Não! Por favor. Só quero deixar claro que não é tão fácil escapar deste inconsciente coletivo. Então assim como confesso isso, também digo que faço isso cada vez mais (e falo com orgulho de meu crescimento e desenvolvimento). Cada vez mais me dou conta de que ninguém virá, então, em seguida, começo do começo. Quando cresci e “percebi” que já não teria o apoio do “papai” para meus gastos, quando tive que pagar o telefone de minha casa e meu celular, quando tive que pagar os gastos de meu automóvel, quando tiver que resolver sozinho meus problemas fiscais, percebi que ninguém viria, pelo menos meu “papai” não.

Foi frustrante perceber que meu pai podia me ajudar e mesmo assim não o fazia, ele tinha e continua tendo o dinheiro suficiente (e mais) para resolver meus problemas financeiros, e mesmo assim não me ajuda como quero! Bom, depois de ter pensado adjetivos nefastos acerca de meu pai em alguma época da minha vida (não posso negar), hoje eu melhor decidi “relaxar minhas coronárias”, e sabiamente me livrar dessa postura que gera sofrimento: esperar algo de alguém. Saber que ninguém virá diminuiu enormemente meu sofrimento. Grande parte dos conflitos humanos na vida surgem porque se espera algo de alguém, mesma coisa que nunca chega.

Já passou por algo semelhante? Já viu como tenho razão? Se você espera que alguém venha para dar uma volta, corre o risco de ficar sem dar uma volta. Se você espera que alguém lhe dê um beijo para ser feliz, corre o risco de ficar infeliz. Se você espera reconhecimento de sua esposa e filhos para se sentir um homem realizado, corre o risco de ficar amargurado. Se espera um excelente tratamento por parte de alguém para se sentir pleno e feliz, joga com a opção de sentir o sofrimento e a frustração e decepcionar-se. Se você espera que alguém sempre esteja com você para que se sinta bem, eu garanto que vai se sentir mal em muitas ocasiões. Se você espera que alguém chegue na hora em que mandou para poder ir dormir, corre o risco de padecer uma larga insônia. Já viu por que lhe convém não esperar? Insisto! É sadio – psicologicamente falando – saber que ninguém está chegando. Esperar algo de alguém ou algo da providência, resulta ser uma amarra em sua vida, e toda amarra é um impedimento para viver em um nível superior de consciência, nos impede de crescer.

Quanto mais amarrados (pela espera) estamos com pessoas, coisas, ideias ou emoções, menos temos capacidade para experimentar esses fenômenos com autenticidade. Tente apertar a água em suas mãos esperando que aí ela se retenha, e vai perceber a rapidez com que ela escorre pelas suas mãos. Agora, deixe uma de suas mãos abertas enquanto toca a água e poderá se satisfazer dela o quanto queira.

De alguma maneira, sempre soube que depender de uma coisa era a forma mais segura de nunca ter o suficiente dela.

Wayne Dyer – escritor americano

Porém, tenho o dever moral de lhe dizer algo: suponhamos que você aceite que ninguém está chegando. Se você se lança a viver uma vida livre de “esperas”, e mesmo assim, alguém chega! O que fazer nesses casos? Bem, dê infinitas graças a Deus! Brinque com a alegria que lhe gerará essa agradável surpresa. Mas faça assim: foi uma surpresa! Essa atitude liberta do possível sofrimento que gera a espera ao ver-se defraudada. Saiba que ninguém virá, mas se vier, receba de braços abertos!

Há alguns anos, quando meu pai me ajudou a pagar alguns compromissos financeiros, fez sem que eu pedisse. Imagine se eu dissesse: “obrigado papai, mas eu não preciso de sua ajuda”. Bem, confesso que faria isso por minha postura orgulhosa, mas meu anjo da guarda gritou em meus ouvidos: “Grandessíssimo estúpido!  Não vê que não temos como pagar? Nem no céu nos emprestam mais! ”, ou algo parecido. Então, simplesmente sorri, agradeci e aceitei sua ajuda.

Saber que ninguém está chegando o obrigará a crescer e amadurecer como pessoa. Pode ser um pouco doloroso esse crescimento, sobretudo o susto inicial em aceitá-lo, como quando nascem os dentes do siso, mas conseguirá, em um futuro muito próximo, reconhecer-se como líder de projetos, o salvador de si mesmo e dos outros, incrementará muitíssimo sua autoestima, os problemas lhe assustarão cada vez menos e você vai enfrentá-los cada vez mais (até os de outras pessoas), chegará a se sentir como um gigante que ajuda a resolver os problemas de seus irmãos, vai experimentar a paz do dever cumprido, viverá muitos momentos para crescer. Descobrirá valores, habilidades e forças, talvez ainda desconhecidas em você. Todas essas razões serão um motivo a mais para que você mantenha sua…emoção por existir!

 

JCF

Tradução: Adri Silveira

Aulas 14, 15, 16 e 17_A Arte das Relações Humanas

 

Live Aula 14: https://youtube.com/live/dgIxkosvFwE

Live Aula 15: https://youtube.com/live/dgIxkosvFwE

Live Aula 16: https://youtube.com/live/5Md7HnVBvAc

Live Aula 17: https://youtube.com/live/V9eBd6Y8WYc

“Sem um relacionamento, não há forma alguma de ser, ou de chegar a ser.”

Leo Buscaglia

Conviver é uma das mais desafiantes experiências que pode experimentar o mais comum dos mortais. E com base nisso é que me permito dividir com vocês uns minutos de enriquecedora reflexão acerca do tema. Muitos de nós temos experimentado o custo da ignorância sobre esse tema, terminando em lágrimas, confusão e culpa. Mesmo assim, também temos experimentado momentos de euforia, alegria compartilhada e emoção por dialogar, porém esses momentos também acontecem a um sem número de pessoas, que ignoram sua causa fundamental. Agora veio à minha mente o que Carl Rogers declarou em uma ocasião, ao referir-se especificamente ao relacionamento entre os casados: “…apesar de o matrimônio moderno ser um tremendo laboratório, frequentemente seus membros carecem absolutamente de uma preparação para a função dessa sociedade. Quanta agonia, ressentimentos e fracassos poderiam ter sido evitados se pelo menos tivesse tido lugar um aprendizado rudimentar antes de se ingressar nessa sociedade…”

Penso que essa declaração tem o mesmo valor para todos os relacionamentos humanos. Nossas cidades (assim como outras em todo o mundo) lotadas com suas populações e seus grandes edifícios de departamentos e seus sistemas de compras por telefone, se converteram em criadouros de solidão. Caramba! Parece que os grandes avanços tecnológicos, de onde praticamente tudo podemos fazer “desde a comodidade de nosso lar” ou pior ainda, desde nosso computador, têm nos levado secretamente a um sentimento de solidão e abandono. Por favor, não pense que essa reflexão é contra a evolução da tecnologia, não, em absoluto, é simplesmente uma advertência diante da possível perda secundária que pode implicar.

 

Uma estreita amizade

Dividir com vocês certas reflexões acerca da amizade, acredite, é algo que tem me motivado desde a primeira vez em que tive a oportunidade de ser conferencista e escritor. Permita-me fazer um breve, porém substancioso estudo da amizade como modelo de relações humanas, já que de algum modo é geralmente a via de entrada para as subsequentes relações mais profundas e complexas, como o namoro, casamento, união estável, certas equipes de trabalho, etc.

Os estudos, tanto formais quanto informais, aos quais tenho tido acesso acerca das relações humanas durante os últimos anos de minha vida, simplesmente serviram para reforçar minha crença na complexidade, no teatro, no mistério e na magia da conduta humana. Somos tão estranhos em certas ocasiões; seguimos sendo um grande enigma imprevisível, tão vulnerável, tão extraordinário e único. Porém, vários estudos têm em comum certos aspectos, dos quais se poderia garantir que a segurança, a alegria e o êxito na vida, estão diretamente relacionados com nossa habilidade de nos relacionarmos uns com os outros, com certo grau de compromisso, profundidade e amor. Do mesmo modo, a grande maioria de nós tem aprendido por experiência própria, que a nossa incapacidade para viver em harmonia com as demais pessoas é a responsável por muitos de nossos maiores temores, ansiedades e sentimentos de solidão, inclusive, de severas enfermidades mentais.  E, no entanto, depois de tantas experiências dolorosas, acho que são muito poucos os que procuram deliberadamente informações que possam esclarecer e melhorar a nossa situação. Inclusive, permita-me confessar que aqueles de nós que estão ávidos por união e amizade, por uma maior compreensão em nossas relações humanas, descobrem durante essa busca, que são muito poucos os lugares onde se pode ir em busca dessa tão valiosa informação.

Eu me lembro de uma história divertida na qual um jovem se dirigia a uma livraria, para encontrar certa informação que o ajudaria a melhorar seus relacionamentos interpessoais. Depois de vários minutos de busca, finalmente encontrou um livro chamado “Como Demonstrar Nossos Sentimentos Apropriadamente”. Imediatamente se dirigiu ao caixa e o comprou. Porém, ao chegar a sua casa, ao rever o livro cuidadosamente, percebeu que havia adquirido o nono volume de uma “enciclopédia”! Consegue imaginar? Vamos, não quero desiludi-lo de sua intenção de melhorar na arte de ser uma pessoa, mas é minha obrigação informá-lo que há muito por aprender ainda, e, que bom! Pois isso nos convida a despertarmos diariamente com a intenção de melhorarmos nossa comunicação com os outros e com nós mesmos.

Em minhas consultas privadas me é permitido realizar certas pesquisas informais com o único objetivo de incrementar um pouco mais minhas informações sobre o que as pessoas realmente desejam, com maior ímpeto, em suas relações humanas (sejam de companheiros, de amizade, de trabalho, etc.), e para isso apenas peço que mencionem as três qualidades de uma relação, que sejam importantes para elas, as mesmas que se possam incrementar mediante a força do amor. As respostas que as centenas de milhares de pessoas compartilharam comigo foram de todos os tipos, porém enumerei as que mais frequentemente escutei como qualidades essenciais em seus relacionamentos (e nessa ordem):

Comunicação

Afeto

Perdão

Honestidade

Aceitação

Romance (incluindo sexo)

Paciência

Senso de humor

Liberdade

O que mais me chamou a atenção é que muitas pessoas sublinharam a sua grande necessidade de se comunicar honestamente e sinceramente com seu parceiro. Foi muito interessante que o fator que mais frequentemente encontrei foi a necessidade de se comunicar e se perdoar. Muitos de meus pacientes (e amigos inclusive) definiram a comunicação como o desejo de serem francos, de dividir, de falar e escutar ativamente um ao outro. Essa necessidade de saber que se pertence a alguém e viver essas qualidades em comum união era a ideia que mais seduzia meus pacientes.

“A ternura emerge do fato de que duas pessoas, que como todos os indivíduos, desejam superar a separação e o isolamento que herdamos por sermos indivíduos, e participar de uma relação que, para o momento, não é de duas personalidades isoladas, mas sim, uma união.”

Rollo May

 

Temos visto recentemente como se tem incrementado em nosso país de maneira muito importante e cada vez maior, os anúncios nos jornais que oferecem o serviço de “escutador” dos problemas dos outros, anúncios de números de telefone onde qualquer um pode encontrar companhia nos momentos de solidão, e claro, encontrei anúncios onde esse amigo somente será seu, certamente se puder continuar a pagar pelo serviço. E também tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas em cuja casa, departamento ou escritório, jamais se apaga o rádio ou a televisão. “É uma companhia”. Claramente me deram esse argumento diante da minha pergunta de por que mantêm um rádio ou televisão ligados por tanto tempo.

São tantas as consultas que dou nas quais me falam da dor, do isolamento e da solidão, da melancolia e depressão, do vazio de uma vida na qual não há mais nada, que me convido a dividir esse tema, onde a pergunta em comum é: “Como posso estabelecer relacionamentos e mantê-los vivos, com amor, e por muito tempo”?

Pois bem, a resposta a essa pergunta é um dos principais objetivos de todo esse trabalho, e de todos os que o seguirão dentro da coleção NOVA CONSCIÊNCIA. Eu estaria mentindo se dissesse que apenas lendo este capítulo e aplicando o que se diz nele, alcançaria o êxito. Nada poderia estar mais longe da verdade. O que tens em suas mãos nesse exato momento, inclusive enquanto está lendo agora mesmo, não é senão um ligeiro traço do apaixonante mundo das relações humanas, e longe de ser uma fórmula perfeita, é apenas fruto de meu mais autêntico interesse em compartilhar com você uma pequena ajuda, com a esperança de que lhe seja útil, como tem sido a mim e a muitas pessoas que têm ingressado no mundo de uma NOVA CONSCIÊNCIA.

A evolução de nossa sociedade tem nos levado a grandes avanços e importantes trocas. No entanto, devemos estar conscientes da forma em que, vários deles têm nos deixado afastados do ser humano, sem que percebamos disso facilmente. Por exemplo, nas compras cotidianas de antigamente (pelo menos isso me contava minha avó, e meus pais, de quando viveram sua infância), se oferecia às pessoas a oportunidade de relacionar-se. Não havia os enormes e eficientes supermercados de hoje em dia, onde se podem fazer todas as compras de uma só vez. A mim mesmo me tocou a experiência de viver a evolução de um restaurante de hambúrgueres, onde por muitos anos, devia se relacionar pelo menos com o atendente. Comparando-se com os restaurantes de hoje em dia, nos quais não é necessário nem sequer falar com o atendente, bastando apenas tocar na tela de um computador ao final de uma fila. Nenhum contato humano é necessário.

Tudo isso tem nos levado a um sentimento coletivo de isolamento, porém, nem tudo está perdido na evolução. Simplesmente temos que aprender a redirecionar nossa comunicação para a época em que vivemos. Devemos reaprender a gerar a ligação sociológica mais antiga da humanidade: a Amizade.

 

Comunicação:

Peça chave da relação

Dentro das grandes ironias que percebo em nossa vida atual é que nós, o gênero humano, temos desenvolvido sistemas de comunicação que permitem que, desde a Terra, o homem fale com outro homem na Lua. Temos desenvolvido sistemas de comunicação assombrosamente eficientes como os de telefonia celular digital, os rádio localizadores via satélite, a navegação pelo ciberespaço da Internet, as vídeo conferências, a comunicação sem fronteiras, etc. Porém, ao mesmo tempo, uma mãe não pode falar com sua filha; um pai com seu filho, a classe operária com a gerência, ou…você, com seu companheiro(a).

Em uma amizade, como em qualquer relação humana, a comunicação é a arte de falarmos uns com os outros, dizer o que sentimos e a que nos propomos, de nos expressarmos com claridade, escutando o que a outra pessoa nos disse, e termos certeza que ouvimos atentamente, para alcançarmos a capacidade de manter uma relação de amor. Deste modo, posso dizer que o primeiro desafio que encontramos em nossas relações humanas é o fato de entrarmos em contato com nossos próprios sentimentos e comunicarmos à pessoa que nos interessa. A tradução da frase anterior é: “Você sempre se queixa de que eu não sei mostrar minhas emoções, então eu fiz essas declarações”.

Realmente isso parece acontecer com a maioria dos casais que eu pude atender, e também com o que eu mesmo pude experimentar, ocasionalmente. Por acaso você passou por algo similar em alguma ocasião? Experimentou a necessidade de comunicar um sentimento e não sabia como fazer? Se sua resposta é afirmativa (como é a da imensa maioria das pessoas), saiba que essa é uma das principais dificuldades que afrontam os seres humanos, em nosso poder de comunicação.  Várias vezes sabemos perfeitamente bem que sentimos algo, mas não podemos nos expressar facilmente. Eu gostaria de lhe dar um pequeno, mas poderosíssimo conselho: “Quanto mais palavras conhecer, mais possibilidade terá de expressar suas emoções e sentimentos”.

Acredite. Veja você. Lembra-se o que comentamos no capítulo anterior, onde se deixava claro que nossa vontade só pode escolher as opções que nossa inteligência apresenta? Pois me refiro ao mesmo nesse aspecto de linguagem. Se você apenas sabe certas palavras que indiquem nossas emoções, por exemplo: alegria, tristeza, ansiedade, euforia, angústia, etc., serão apenas essas (as que você conhece) as palavra que seu cérebro utilizará para todas as emoções que perceba. De tal maneira que quando experimenta uma emoção nova em sua vida, se não conhece as palavras, simplesmente dirá: “… não sei o que estou sentindo, mas sinto que é bonito…”, em uma mostra de seu vocabulário. Por favor, acredite, isso é mais importante do que lhe parecem essas simples linhas que lê. O poder das palavras é enorme. Tudo o que podemos expressar mediante o dom e o poder das palavras, sem dúvida afetará a que dissermos (incluindo o que você diz a si mesmo).

Esse poder de influência através da palavra é o que usamos todos nós, seres humanos, cada vez que nos comunicamos com alguém. Aqui é onde mais se destaca o desafio de viver na virtude, precisamente a primeira virtude da Prudência; essa atitude constante da inteligência, quando e como devemos atuar, quando e como devemos dizer. É precisamente aí onde diariamente temos a oportunidade de melhorar, de comunicarmos.  Por favor: não tenha medo de mostrar seus sentimentos!

Sei que na imensa maioria dos casos você disse: “…não vai ser bom, eu vi a expressão no rosto e não deixarei novamente…” Disse algo parecido alguma vez, ou talvez piorou dizendo “não vou mais namorar”? “Várias pessoas me disseram (e me disseram com muita certeza nas palavras):”… Doutor, quero que saiba que eu não quero amar, amar dói…” Falso!!! Não é verdade que amar dói. O que pode chegar a doer é quando já não ama, depois de ter amado. Isso sim. Porque quando se ama, nesse momento, nesse preciso período de nossa vida, não dói nada, ao contrário, tudo é felicidade, paixão e alegria.

As pessoas não têm medo de amar, têm medo de sofrer uma decepção depois de amar. Porém, pense, se você se propôs a não amar para não sofrer, então no momento em que diz isso pode estar sofrendo porque não ama! Que ironia, não? Creio que vale a pena “dar uma oportunidade a si mesmo” para tentar novamente. O problema no qual caem muitas pessoas é que julgamos uma futura relação com base em nossas experiências, com base em nossas relações passadas, e acreditamos que tudo será igual. Caramba! Isso significa fechar todas as possibilidades.

Abra seu coração, diga o que sente a quem mais quer, antes que seja demasiado tarde. Estou plenamente convencido de que esse processo de aprendermos a nos comunicar pode ser aplicado com relativa facilidade, apenas depende de um grande fator: sua decisão de aprender e agir.

“Qualquer coisa que se aprende, pode se desaprender e novamente aprender. Nesse processo chamado troca é onde se reside nossa esperança”.

Alejandro Ariza

 

Como poderíamos definir um relacionamento?

Existem várias possibilidades para definir esse conceito que nos ocupa. Porém, gostaria de compartilhar com vocês umas definições que têm me ajudado muito a entender o ser humano nesse aspecto de sua vida:

Um relacionamento é uma sociedade escolhida. É amar alguém, quando inclusive as imperfeições são uma possibilidade, e, portanto, algo belo; é quando o descobrimento, o esforço e a aceitação são a base de um constante crescimento e surpresa.

. Um relacionamento é aquilo em que os indivíduos confiam tanto (mas tanto!) um no outro, que ficam vulneráveis, mas seguros de que a outra pessoa não se aproveitará dele. É algo que implica muita comunicação.

Uma relação baseada na amizade é aquela na qual um pode se mostrar franco e honesto com a outra pessoa sem o medo de ser julgado. É “se sentir seguro” sabendo que ambos são melhores amigos e que não importa o que aconteça, sempre estarão um ao lado do outro.

Uma relação de amor é aquela na qual há uma mútua preocupação pelo crescimento e progresso do outro; onde as atitudes possessivas cedem conforme a entrega de um para o outro; onde o egoísmo cede lugar para o dar desprendidamente,  participação e solicitações, onde as linhas de comunicação estão abertas e é dada maior importância para o bem da outra pessoa.

Isso representa para mim e para vários autores o fato de estabelecer uma relação positiva, uma relação sustentada no amor. Se alguns desses conceitos o fizeram vibrar agora mesmo, enquanto tem esse curso nas mãos, eu fico muito feliz! Você é uma pessoa a mais interessada em viver sua vida com mais momentos de felicidade e plenitude.

Confesso minha grande emoção ao descobrir que agora mesmo você e eu estamos entrando em uma relação, percebe? Que maravilhoso! Por favor, não pense que você está “simplesmente” lendo, não, não, não. Todas as letras que se uniram em palavras ao longo desse curso, alguém precisou escrevê-las; é onde se apresentou minha parte nessa relação. Desculpe-me se essa reflexão o ofendeu, por ser um clichê, “se você lê, alguém escreveu (eu)”, mas acredite que é algo que vai muito além do evidente, esse relacionamento que me foi permitido estabelecer com você desde o primeiro momento que começou esse curso, é uma mágica aventura para ambos. Por um motivo superior temos nos encontrado através da palavra escrita. Você decidiu ler e eu decidi escrever.

Você e eu temos vivido a mágica relação baseada no amor onde se oferece conselho diante da silenciosa presença de outra pessoa, e que através dos silêncios e linguagem corporal, sabem que dividem um sentimento mútuo de confiança, honestidade, admiração, devoção e essa emoção tão especial de felicidade pelo simples fato de estarmos juntos.

 

O que você diz quando se comunica?

Todos temos uma linguagem, em maior ou menor grau. Existem muitas teorias que nos explicam como nos comunicamos e como aprendemos a fazê-lo. Porém, seguem avançando os estudos acerca da comunicação hoje em dia. Por quê? Por acaso já não conhecemos todas as letras do abecedário? Por acaso já não passamos dos dois anos de idade e já não aprendemos a falar? Muito possivelmente já aprendeu a falar, mas agora tem que aprender a se comunicar, algo muito diferente.

Você e eu fomos crianças. Hoje sabemos perfeitamente bem que as crianças estão surpreendentemente harmonizadas com os sons da linguagem e que “aprendem o que veem e escutam”. De todas as palavras com que elas se encontram em seus primeiros anos, não parece impressionante que um bebê pode estabelecer a diferença entre “leite”, “mamãe” e “papai”? As palavras que escutam são as que aprendem. Do mesmo modo, as palavras que eu e você escutamos foram as que aprendemos. Essas palavras são apenas instrumentos com os quais organizamos nossa vida e o meio ambiente, assim como a maneira com a qual interagimos com ele. Quando uma criança na pré-escola grita: “você está me deixando louco!” Onde foi que aprendeu isso? Com absoluta certeza garanto que não foi de forma instintiva.

De tal forma que, ou escutamos a linguagem de amor em nosso meio ambiente ou, bem, não a escutamos. Aprendemos os símbolos necessários para nos relacionarmos mutuamente ou, bem, não aprendemos.

Se com isso você crê que nosso destino já está marcado por nossa infância, posso lhe assegurar que está cometendo um grande erro. Grande erro se não decidir aprender novos conceitos, novas palavras, novas perspectivas; em geral, se não se decidir gerar em você mesmo uma NOVA CONSCIÊNCIA. A decisão está em você, e também estão em você os resultados de sua qualidade de vida.

Vale a pena aprender a dizer “te amo”, “preciso de você”, “você é muito importante para mim”. Se você é uma dessas pessoas para as quais dá muito trabalho “dizer” o que sente, ou se é das que é quase impossível que diga “te amo”, valeria a pena refletir em que meio ambiente você se desenvolveu, a família em que nasceu e as palavras que se costumava usar ali. Se depois desse breve estudo decidir que necessita “aprender novas palavras”, novos conceitos para assim poder comunicá-los, eu o felicito e o convido para que juntos sigamos aprendendo…

JCF

Tradução: Adri Bomtempi

 

Aulas 7_O Poder de Sua Identidade – Parte 2 (Aulas 7 a 13)

Live Aula 7: https://youtube.com/live/dgIxkosvFwE

Live Aula 8: https://youtube.com/live/jgCbqk438Ao

Live Aula 9: https://youtube.com/live/uBaIcpOp_gs

Live Aula 10: https://youtube.com/live/qCyPtthZ6eM

Live Aula 11: https://youtube.com/live/vi0sQHD22p4

Live Aula 12: https://youtube.com/live/6HeOn4AhMvI

Live Aula 13: https://youtube.com/live/tuEExDv-E4A

Olá! Espero que tenha feito o exercício, indicado no final do capítulo anterior, e agora saiba mais de você mesmo; inclusive agora é possível que entenda mais a respeito de seu comportamento. Se não quis fazer o exercício, insisto que não deixe passar essa valiosa oportunidade, onde poderá ver sua própria personalidade. Faça e retorne à leitura mais tarde. Lembre-se: “Nunca deixemos em branco o que não podemos ver”. Sobretudo estamos seguros que o aproveitamento que terá deste curso, não será apenas lendo, mas também sentindo, e por isso pedimos que se desejar, compartilhe com o grupo.

Como temos comentado até o momento, o poder de sua identidade é enorme, mas, o que aconteceria se não estivesse de acordo com sua própria identidade? Que tal com a identidade de “sou gordo ou gorda”, ou “sou um doente terminal”, ou “sou intrometido”? Nada agradável, não é verdade? Pior ainda se você escrever justificativas para esse tipo de identidade. Permita-me assegurar algo categoricamente: se você disse por exemplo, “sou gordo”, isso NÃO É CERTO!!!, é possível que esteja gordo, mas existe uma abismal diferença entre estar e ser.

Veja, quando começamos nossas afirmações com o verbo “ser” estamos falando de nossa identidade, mas quando usamos o verbo “estar”, apenas estamos descrevendo uma parte de nós, mas isso não é tudo o que somos. Apensar de que esse jogo de palavras possa parecer apenas um acaso semântico ou gramatical, eu lhe asseguro que é algo muito mais transcendente. A força que essas palavras exercem na construção de nossa vida, de nossa própria identidade, é maior do que você imagina. Através da Programação Neurolinguística (P.N.L.), uma nova ciência de desenvolvimento humano, estudamos o poderosíssimo efeito que as palavras têm em nossa conduta, algo que falaremos mais extensamente nos terceiro e quarto capítulos de nosso curso, quando estudaremos a forma como nos comunicamos. Por agora, iniciaremos com um conhecimento a mais: O que é a autoestima e por que é tão importante para o pleno desenvolvimento do ser humano?

A autoestima é a chave mais importante para conseguirmos ter êxito nos diferentes campos de nossa vida. O Dr. Nathaniel Branden é uma verdadeira autoridade nos Estados Unidos, como estudioso e profissional desse tema. Ele define a autoestima como uma experiência pessoal de saber que se está apto para a vida e suas necessidades, e ele inclui a confiança como um dos aspectos fundamentais:

  • Confiança é nossa capacidade de pensar e enfrentar os desafios básicos de nossa vida, e….
  • Confiança é nosso direito de sermos felizes, o sentimento de sermos dignos, de merecimento, e termos direito a afirmar nossas necessidades e a aproveitar os frutos de nossos esforços.

Dessas afirmações se desprende a grande responsabilidade de conhecermos mais a respeito do tema. No transcorrer da história, isso desafiou muitos psicólogos e profissionais da área, o que contribuiu para a sua compreensão. Falamos de Sigmund Freud, Adler, e mais recentemente William James e Nathaniel Branden. Adianto que atualmente descobriu-se que uma das principais fontes da angústia existencial é quando nos comparamos uns com os outros. A autoestima é um julgamento definitivamente pessoal de dignidade, que se expressa nas atitudes dos homens acerca de si mesmos.

“Amarás a teu próximo como a ti mesmo”

Jesus Cristo

 

Dinâmica da Autoestima

Analisar como vamos forjando nossa autoestima implica entender que todos viemos de famílias que, em certo grau, são disfuncionais. Não se ofenda, eu também venho de uma família assim. Isso não significa que todos nossos parentes sejam pais alcoólatras, mães solteiras, pais violentos, mães castradoras, não, em absoluto; me refiro a que “a família perfeita” não existe. Sempre se apresentam certos padecimentos neuróticos no núcleo familiar: o transtorno obsessivo-compulsivo, a depressão, delírios de grandeza, etc. Mais ainda, ao sairmos de casa nos deparamos com uma grande quantidade de pessoas; muitas delas também apresentam quadros neuróticos, e inclusive poderíamos encontrar vários psicóticos.

Todas essas pessoas influenciaram de alguma maneira nossa autoestima, para exemplificar, eu recordarei algumas histórias que temos em comum com várias pessoas: uma época em sua vida (no ensino fundamental isso é mais comum) em que sua nota foi “não suficiente” para alguma matéria. Imagina? “NS”. Se pararmos para observar a força que tem esse par de palavras, parece que você praticamente não pode justificar sua existência no planeta. Outro exemplo é quando em alguma ocasião, fomos ridicularizados ou humilhados. Lembra-se de algo assim em sua vida?

Lembre-se quando os apelidos estavam na moda; “cara de pizza”, “bolota”, “frango”, “nariz de cheirar queijo”, etc.

Seguramente você se lembra de mais alguns. Também afetou crescer em famílias onde não haviam regras, ou pior, famílias com normas contraditórias onde se falava aos filhos para sempre falar a verdade, e ao mesmo tempo, toca o telefone em casa e o próprio pai pede a seu filho: -“diga que não estou”. Já imagino o conflito dentro da cabeça do filho, quando na mesmíssima presença do pai, este diz que não está. Creio que o filho poderia dizer: -“já estou ficando louco, estou vendo meu pai, e ao mesmo tempo digo que ele não está”.

Ter vivido situações onde não se tinha contato com a realidade também afeta nossa autoestima, por exemplo, quando vive uma vida econômica e financeira muito superior ao que realmente possuímos, já passou por isso? Em alguma ocasião já gastou mais do que possuía? Bem, essa interessante e estranha dinâmica também influencia nossa autoestima. Famílias onde se viveu debaixo de ameaças, educados com violência e críticas, dizendo aos filhos que são tolos, frouxas, que não sabem fazer nada direito. Pior ainda quando faziam comparações negativas entre irmãos ou um familiar com maior aprovação, gravando em nosso subconsciente a mensagem: “você não consegue, os outros são melhores”, e outras coisas desagradáveis que após tantos anos seguem presentes em nossa vida através do subconsciente.

No entanto, não pense que tudo é negativo; isso é absolutamente o contrário de minha perspectiva de vida. Fatores positivos também influenciaram a dinâmica de nossa autoestima: famílias onde se acreditava em si mesmo, onde nos diziam muitas vezes “você consegue”, onde se viveu dentro de um ambiente de cordialidade, amor e perdão, odne fomos testemunhas de reconciliações, onde tivemos a felicidade de sermos acariciados e chamados por nosso nome. Assim começaram a se configurar os prmeiros elos de uma cadeia que nos ancora a uma identidade.

A autoestima é uma poderosa necessidade humana; poderíamos dizer que é o sistema imunológico da consciência, o que nos fortalece perante qualquer desafio. Me parece importante destacar que um dos maiores erros que podemos cometer é quando nos comparamos com os outros. Fazer isso diminui nossa autoestima, gera ansiedade e sofrimento. Como consequência, muitas pessoas acabam se entregando ao tabagismo, alcoolismo, ao trabalho excessivo, à dependência de outras pessoas, etc., já que com isso sentem que aliviam a ansiedade e o sofrimento; no entanto, esse alívio é falso.

Então, como podemos manter nossa autoestima? Quais seriam os pilares de nossa autoimagem? As colunas que mantêm nossa autoestima são duas: autoeficácia e autodignidade. A primeira se refere à confiança que temos no funcionamento de nossas capacidades mentais como pensar, facilidade para comunicação, para cálculos matemáticos, acúmulo de conhecimentos, etc.; por outro lado, a autodignidade se refere à segurança de meu próprio valor, sendo uma atitude afirmativa para o meu direito de viver e ser feliz. Ao dimensionar a força destes pilares, nossa própria eficácia e dignidade, podemos dizer que se entende a autoestima como uma predisposição a nos experimentarmos como competentes para enfrentar os desafios da vida, e como merecedores da felicidade.

“Se não acreditamos em nós mesmos, nem em nossa capacidade, nem em nossa bondade, o universo é um lugar aterrorizante”

Nathaniel Branden

 

Existem várias estratégias para incrementarmos nossa autoestima, no entanto, a mais importante de todas elas é “Crer em Si Mesmo”. Veja, estou convencido de que, se várias pessoas com as quais tenho me encontrado e que possuem baixa autoestima, acreditassem em si mesmas quase como acreditam em Deus, experimentariam outra vida. Não tome isso como uma falta de respeito a Deus, ou outra coisa. Não tentamos nos comparar com Ele, não, em absoluto. Mas longe de parecer blasfêmia, estou convencido da necessidade de se acreditar no ser humano quase como se acredita em Deus.

Agora, também estou plenamente consciente de que não basta dizer “creia em você mesmo” como se fosse uma fórmula maravilhosa; isso se compararia a quando um paciente com insônia procura um médico para solucionar o seu problema e este simplesmente lhe diz: -“homem, vá dormir e seu problema termina”. Mais adiante, compartilherei vários conselhos de uso prático que lhe ajudarão a crer mais em si mesmo, mas no momento caberia perguntarmos: Por que precisamos da autoestima? Por uma grande razão: o ser humano, propriamente humano, tem consciência (capacidade de discernir) e responsabilidade, e aqui a autoestima é fundamental porque é a única maneira de mantermos presa por mais tempo a luz de nossa consciência que, para surpresa de muitos, podemos tranformar à vontade. Permita-me explicar melhor.

Quantas vezes você já sabe de antemão que algo que vai fazer não é correto? Ou não o convém, ou vai lhe fazer mal? Muitas vezes não é mesmo? Então, por que faz mesmo assim? Isso acontece porque você mesmo pode apagar a luz de sua consciência à vontade, e ir para a farra com os amigos, enquanto diz à sua esposa que está em uma reunião de negócios. Ou quando vive uma vida baseada na infidelidade, ao mesmo tempo que jura amor e respeito a seu parceiro; ou simplesmente quando passa a tomar parte de um sistema de corrupção, enquanto vai à missa aos domingos. Pois bem, é precisamente aí onde você apaga a luz de sua consciência, que surge sua autoestima para dificultar a tarefa. Quando seu julgamento pessoal o inunda em sua intimidade e começa a lhe questionar: “Tudo bem se eu fizer isso? Bem, ninguém vai notar (e você!!! Por acaso não está notando?), será que serei capaz de beijar outra pessoa depois de de confessar que amo minha esposa? E se eu fugir só um pouquinho? ”

Essas e outras perguntas são originadas em sua própria autoestima, acredite; em sua própria identidade começam a se criar os questionamentos que o impedem de apagar com facilidade a luz de sua consciência. Por isso precisamos da autoestima, para a decisão de pensar ou não pensar, e com isso se entende a grande responsabilidade dos atos livres do ser humano.

Agora, não devemos confundir a autêntica autoestima com a pseudo autoestima, ou falsa autoestima, que é “meu valor por causas alheias a mim”. Lembre-se que a verdadeira autoestima se baseia em você mesmo, não nos bens materiais ao seu redor. A falsa autoestima é quando nos validamos por nosso dinheiro, sobrenomes, por sermos membros de algum clube privado, por popularidade, cartões de crédito, fama, aquisições materiais, cirurgia plástica, conquistas sexuais, pessoas com as quais convivemos socialmente, entre outras coisas.

Eu me lembro de uma ocasião em que saía de uma das conferências que eu havia feito em uma universidade para mulheres, no sul da cidade. Foi um verdadeiro espetáculo. Alí as moças não caminhavam, elas desfilavam, movendo-se ao ritmo das marcas de roupa, conquistas amorosas, tom de voz e forma de falar (muito peculiar, aliás), etc. Eu estava a ponto de entrar em meu carro, quando uma dessas moças, com cerca de 19 anos de idade, chegou perto de mim e perguntou:

 

-“Desculpe interrompê-lo, mas me surgiu uma dúvida, você tem ‘a couple of minutes’ (alguns minutos)? ”

-“Sim”, eu lhe disse.

-“Quanto calcula que eu valho? ”

 

Confesso que pensei um pouco e fiz meus cálculos. Lembro-me que respondi algo parecido com isso:

-“Veja, a quantidade exata eu não sei, mas provavelmente lhe sirva o estudo realizado há alguns anos pelo Dr. Donald Foreman, chefe do Depto. de Bioquímica da Universidade de Evanston, que pulverizou um cadáver humano para cotizar seus diferentes componentes, tais como, minerais, carboidratos, lipídios, proteínas, aminoácidos, etc., e num tamanho de 1,70m e 72 kg de peso, segundo as últimas cotações internacionais, seu valor seria em torno de 5.75 dólares. Mas, se você é mais baixa e com peso menor, pode valer em torno de 4 dólares e 50 centavos. ”

Não consegui entender porque ela simplesmente se virou e foi embora.

A autêntica autoestima é uma experiência íntima que habita em você mesmo, e nada no mundo pode ou deve dizer o quanto valemos. Este nível de autoestima nos confere a capacidade e o valor para agirmos e alcançarmos nossas metas, tendo ao final um profundo sentido de orgulho próprio, reconhecendo isso como um prêmio emocional. A autêntica autoestima é uma experiência tão íntima que me permitirei explicá-la melhor com uma história:

Um bom homem que vendia balões, estava caminhando pelo parque numa tarde de verão, tentando vender seus balões. Nessa ocasião levava muitos deles, das mais variadas cores: vermelho, azul, branco, preto, roxo, verde, etc. Depois de caminhar vários minutos, muitas crianças o rodearam querendo comprar um dos seus fantásticos balões, quando, de repente, chegou uma turma de pequenos travessos que, ao empurrá-lo, fizeram com que lhe escapassem das mãos uns três ou quatro balões coloridos. Eles haviam escapado para o céu. O homem olhou para as crianças com um pouco de raiva por haver perdido aquela venda, mas depois de alguns momentos e graças a grande inteligência desse homem, tudo voltou à normalidade e ele seguiu vendendo. O mais curioso é que longe daquela cena, um menino de 8 anos observava tudo: como o homem vendia seus balões, quando chegaram as crianças que o haviam atrapalhado, etc. Esse menino era muito tímido, mas quando o bom homem percebeu que ele estava escondido atrás de uma árvore, chegou perto dele e perguntou:

-“O que está acontecendo? Por que não brinca com as outras crianças?

O menino, que era negro e de cabelos desalinhados, respondeu:

-“Eles não me chamam para brincar. ”

O bom homem lhe disse:

-“Venha, saia daí e eu lhe darei um balão. Gostou da idéia? ”

O pequeno veio rápido, e lhe fez uma pergunta, como que temendo pela resposta:

-“Senhor, agora há pouco eu vi quando voaram os balões coloridos, e eu tenho uma dúvida. O balão negro que tem aí, se o soltar, ele também vai voar? ”

Para a sorte do menino, o homem era uma pessoa com grande qualidade humana, e dessa forma, lhe respondeu com uma grande verdade:

-“Filho meu, aprende que o que faz voar um balão não é sua cor, mas o que ele tem dentro. ”

 Essa experiência tão profunda e própria da autêntica autoestima também pode chegar a se manifestar em nosso exterior como uma mera consequência. Uma pessoa com alta autoestima tem um rosto onde se percebe o prazer de estar vivo, serenidade ao falar de problemas e fracassos, uma atitude de comodidade ao dar e receber elogios, abertura ante as críticas, possui uma grande capacidade para manter o bom humor; tem os olhos abertos de forma relaxada e brilhante, com a postura erguida, caminha com decisão e sua voz soa ser modulada. Essas são algumas características que observamos em pessoas com grande autoestima; não são as únicas, mas podem ser as mais frequentes.

 

“As pessoas gostam dos homens que levam escrito no rosto a segurança do triunfo”

Orison Swett Marden

 

Provavelmente a estas alturas de nosso estudo deverá ter surgido em você uma pergunta: será bom elevarmos desasiadamente nossa autoestima? Por acaso isso não levaria a nos sentirmos “muito superiores” e petulantes? Posso afirmar categoricamente que não. É profundamente válido e extraordinariamente necessário que nossa autoestima se eleve a dimensões exageradas, a alturas inverossímeis claro, se se trata da autêntica autoestima. Portanto, nunca se devem elevar-se os sentimentos de vanglória e arrogância, que são uma manifestação de uma pobre autoestima.

Também é importante esclarecer que uma pessoa com alta autoestima pode sofrer, pode se sentir desolado, ficar triste, etc., mas, então qual seria a diferença entre uma pessoa que tem esses sentimentos com alta autoestima e outra com autoestima baixa ou nula? Compreenda, essas emoções definem melhor o segundo caso. A enorme diferença é que a pessoa com grande autoestima pode experimentar todos esses problemas emocionais, mas essas mesmas emoções não o seguram, não o definem, não o identificam. Lembre-se sempre, por favor: “Você é maior que seus problemas”.

 

Fontes da Autoestima

A principal fonte da autoestima é “O Conhecimento”; quem sabe mais, maior autoestima tem. Todo combustível que puder proporcionar à sua inteligência, resultará em maior autoestima. Você já deve ter experimentado. Lembra-se daquela ocasião em que era preciso fazer algo para sair de um problema, e você sabia a solução? Lembra-se quando disse a resposta e todo mundo lhe agradeceu? Como se sentiu? Poderia jurar que a “divina graça” estava muito perto de você. Muito bem, essa é a conexão à qual me refiro quando afirmo que o conhecimento é a principal fonte de autoestima. Quanto mais sabe, mais segurança terá para fazer suas escolhas na vida (ver capítulo 1).

Além do mais, existem fontes diretamente envolvidas em nossa autoestima: a integridade do Ser, a consciência, a vontade de ser eficaz e, muito importante, “o distanciamento estratégico”.

Entenda por distanciamento estratégico a prudente e inteligente distância que deve existir entre você e seus problemas. Insisto em que sempre tenha presente a seguinte frase: “Eu Sou maior que meus problemas”. Inclusive, permita-me recomendar que escreva isso em letras grandes e coloque em um lugar onde possa ler diariamente; um espelho é uma boa opção. Os resultados dessa autosugestão são formidáveis.

A grande meta para a qual quero convidá-lo é a que comece a “pensar independentemente”. Se começar a pensar sem ser influenciado por rumores, pelos vizinhos, por seus amigos, por sua mãe, pelo horóscopo, etc., eu posso lhe garantir de uma maneira sonora e contundente que sua autoestima se elevará como a espuma de uma cerveja. Pode imaginar poder tomar decisões sem consultar o horóscopo todas as manhãs? Imagina poder escolher a cor de suas roupas sem ter que levar em consideração o gosto de sua mãe ou de seu esposo? Imagina poder sair para passear sem ficar com a consciência pesada por não ter avisado a um determinado familiar? Se consegue imaginar já terá dado um grande passo; agora simplesmente faltaria dar. O passo definitivo: iniciar a ação concreta para obter os resultados.

Agora, interessa a você incrementar sua autoestima, melhorar sua qualidade de vida? Experimentar momentos de felicidade? Então tenha sempre em mente o seguinte: “Não subordine a sua consciência aos seus desejos”. Essa é uma verdadeira pedra angular na dinâmica de sua autoestima. Veja, algumas linhas atrás comentávamos acerca de que você sabe bem quando faz algo que o prejudica, não é mesmo? Pois essa é a valiosíssima informação que sua consciência lhe proporciona. Porém, devido ao fato de que você pode apagar a luz de sua consciência à vontade, é possível que queira obedecer a seus desejos; mas quando esses são diametralmente opostos ao que dita sua consciência, então aparece o conflito.

Um conflito interno onde se põe à prova sua integridade, seus valores, suas virtudes, sua dimensão humana, e quando omite sua consciência, subordinando-a a seus desejos, cedo ou tarde surge o arrependimento, seja implícito ou explícito. Essa sensação de amargura subsequente diminui nossa autoestima, prejudica nosso sistema imunológico de consciência, nos identifica plenamente com a auto-sabotagem. É bem possível que já tenha experimentado o resultado disso em mais de uma ocasião, não é verdade? Mas agora que você e eu estamos mais familiarizados, eu lhe pergunto: Você gostou disso? Por acaso sentiu ogulho de suas fraquezas? Não creio.

Porém, a outra face da moeda tem sua recompensa. Como foi quando obedeceu a sua consciência e não deu atenção a seus desejos mais banais? Em outras palavras, como foi quando estava de dieta e não comeu a sobremesa que tanto desejava? É uma sensação heroica, não é mesmo? Quando poderia ter sido infiel mas preferiu voltar para casa e jantar com sua família, se manteve em um nível mais humano do que nunca. Quando, podendo roubar, preferiu guiar-se pela virtude e se negou a participar desse negócio, automaticamente se postulou como um ser humano autêntico, íntegro, digno de sí. Então, essa emoção de triunfo, de êxito, é o que deve lhe acompanhar diariamente. Você decide! Viver à sombra e ocultando-se da luz, ou viver de cabeça erguida, emanando luz a cada passo e emocionando-se por existir.

Recomendações para Incrementar a Autoestima

“Quando fazemos o melhor que podemos, nunca sabemos que milagre se produz em nossa vida ou na vida dos outros”.

Hellen Keller

 

Com o devido respeito que você me inspira e com a confiança que temos desenvolvido nesses últimos dias, me permito recomendar uma grande estratégia para incrementar sua autoestima: “Aceite-se como você é”. A autoaceitação é a chave desse conceito.

Há alguns anos veio se consultar comigo uma menina cujo sonho era ter um nariz arrebitado. Ela era muito bonita; para mim não parecia que necessitasse de alguma cirurgia plástica, mas quando me disse que todas as noites dormia com uma fita adesiva que ela colocava em volta do nariz, puxando até a parte de trás da cabeça, foi quando eu expliquei porquê havia chegado a um psiquiatra. Aceite-se como você é! Está certo que sempre queremos melhorar, mas isso não implica sofrer por nosso estado atual.

Quando recomendo que se aceite, seja você magro, gordo, pobre, feio, corcunda, com mal hálito, etc., mas claro que pode mudar! Lembre-se que pode mudar sua própria identidade, mas não sofra com seu estado atual. Me lembro quando convidaram um grande mestre meu, para fazer uma conferência em um congresso juvenil, com cerca de dois mil jovens. Ele me disse que a Miss Universo daquele ano (1990) estava sentada à mesa de horna. Por falta de organização e demais circunstâncias próprias a um evento dessa magnitude, foi um problema quando o convidado não conseguiu chegar, para a surpresa dos organizadores. Diante da ansiedade do momento, as câmeras filmando tudo, etc., os organizadores decidiram que a Miss Universo subiria ao púlpito, tomasse a palavra e fizesse um pequeno discurso. Você pode imaginar, essas mulheres são muito bonitas, bonitas de verdade, mas nada mais.

Quando lhe solicitaram umas palavras, ela ficou nervosíssima porque “não havia preparado nada”, e não sabia o que dizer. No entanto, na correria, diante da pressão do público, no súbito do momento, subiu ao púlpito onde proferiu o menor discurso que se ouviu no congresso: -“Jovens, eu só posso dizer-lhes uma coisa: uma pessoa muito bonita, facilmente é usada, dificilmente amada”. Agradeceu e voltou para seu assento. Não se escutava nem uma única voz; o auditório se encontrava impávido diante de tal afirmação (quase como você se encontra agora). Pode imaginar a cena? A mulher mais linda do mundo dizendo isso? É realmente para pensar, mas não creia que por algum motivo eu seja partidário da feiúra, em absoluto, ser feio não é nenhuma virtude.

O que desejo reflexionar é que não devemos apoiar nosso valor apenas em nosso físico. Não pode imaginar a quantidade de pessoas que eu conheci que fizeram uma cirurgia plástica. A imensa maioria vive com uma ansiedade crônica, latente, diante da possibilidade de que “alguém descubra”. Que trágico seria receber um cumprimento como esse quando se faz uma cirurgia plástica: “Olá, é você que está embaixo disso? ” Não quero nem imaginar.

Bem, basta de mensagens alternadas. Apenas quero recomendar 12 estratégias concretas para incrementar sua autoestima na vida prática, as mesmas que mais adiante comentarei:

 

01- Faça um inventário de suas qualidades pessoais;

02- Arrume-se, vista-se bem não importando a ocasião, sempre é bom, e sobretudo pense que faz isso primeiro por você, porque tem valor;

03- Leia livros positivos e de superação profissional;

04- Assista e escute conferências motivacionais;

05- Faça algo, inicie um projeto;

06- Pertença a um clube de pessoas positivas;

07- Reúna-se com pessoas entusiasmadas;

08- Escreva uma lista de suas vitórias e êxitos passados e leia com frequência;

09- Evite ver filmes de horror, suspense ou violência;

10- Fale em público, faça conferências;

11- Aprenda com o fracasso;

12- FAÇA algo por alguém.

 

Eu posso afirmar que se você praticar pelo menos cinco destes pontos diariamente, sua qualidade de vida melhorará de maneira extraordinária. Na primeira recomendação realizará um inventário de suas virtudes e qualidades; espero que já tenha iniciado o exercício passado, quando falávamos de sua identidade. É muito fortalecedor conhecer suas qualidades. Além do mais, é muito importante que “independentemente” da ocasião, vista-se bem. Sua imagem fala muito sobre você, e o mais importante é que fala com você mesmo! Essa é a chave. Lembra-se como fica quando desperta de uma noite horrorosa? Lembra-se como se vê quando termina de se arrumar para uma noite maravilhosa? O que prefere? Pois então arrume-se, é saudável até para seus familiares. Não caia no jogo dominical da complacência quando pensa: -“para que vou me arrumar se hoje não vou ver ninguém”. Pense, sua esposa ou esposo não é alguém? Seus filhos não são alguém? Vista-se bem, e até sua família agradecerá.

Ler livros que enriqueçam o espírito é o ponto mais saudável que pode praticar, tal qual o está fazendo agora mesmo. Não é verdade que se sente muito, mas muito bem? Com a mesma intensidade eu recomendo amplissimamente que não leia jornais ou literaturas nesse estilo com muita frequência. É parte de nossa cultura que se espalhem centenas de más notícias nos jornais; eu lhe asseguro que não é tão necessário estar “bem informado, bem neurótico”. Por favor, assista a conferências motivacionais, escolha muito bem o tema, certificando-se de que o orador seja um famoso motivador, caso contrário, corre o risco de que o conferencista só lhe traga lágrimas.  Em minha vida tenho visto grandes mudanças em muitas pessoas e tenho fé no extraordinariamente positivo que pode se resultar, ao escutar e vivenciar uma grande conferência motivacional.

Quando alguém inicia algo, quando você empreende certo projeto, sua autoestima se incrementa. Suponho que já tenha vivenciado isso, e não me deixe mentir. A magia que o rodeia e o carisma de líder ao iniciar um sonho. O desafio para que faça. O resutado em sua dinâmica pessoal é surpreendente. Além do mais, trabalhar com alguém otimista e agradável sempre traz um resultado altamente reconfortante. Busque trabalhar com pessoas entusiastas; embora eu lhe advirto que corre o risco de contagiar-se e não sentir nenhuma carga de trabalho. Ampliaremos esse tema no seguinte capítulo ao abordarmos a arte das relações humanas.

Numa ocasião tive a oportunidade de ler a um filósofo que dizia: -“…o ontem como o passado, se volta maravilhosamente presente diante do pensamento humano…”. Essa é uma das maiores faculdades do homem, pode desafiar o tempo e, com sua mente, pode viajar ao passado! Lembrar suas vitórias e alegrias, isso fomentará a confiança necessária para voltar a vivê-las. Se já experimentou uma vez, com mais razão pode repetir essa magnífica vicência porque, lembre-se: “o êxito deixa pistas”. Do mesmo modo, é fundamental que se estamos focando nossa mente em uma Nova Consciência, devemos ficar longe de toda a informação que é prejudicial para o espírito humano. Por favor, não assista a filmes de terror, suspense ou violência. Existem estudos que demonstram que assistir a um filme de terror três vezes seguidas (6 horas de duração contínua), produz dano mental muito similar a ter experimentado na vida real o que se viu na tela. Exerça seu poder de escolha e tome o melhor para seu espírito.

Por outro lado, lhe recomendo falar em público. Todos sentimos a princípio o famoso medo de palco, mas com a prática se pode diminuir até níveis imperceptíveis. Lembre-se que a mãe de toda habilidade é a prática. Note que eu tenho observado que as pessoas com grande autoestima sempre gostam de participar de fóruns; buscam constantemente a oportunidade de falar frente a um auditório e, inclusive, sentem êxtase ao poder comunicar suas ideias com os demais. Mas a dinâmica mais interessante é que se cria um círculo virtuoso; sua autoestima lhe favorece falar em público, e isso por sua vez incrementa sua autoestima. Se sente que se transforma perante a simples ideia de falar em público, eu lhe garanto que chegará um momento em que terá que fazer isso, e se veja obrigado a fazer um discurso; esse é um bom momento para assistir a umas aulas de oratória, fazer parte de um comitê onde se veja obrigado a tomar a palavra, ou simplesmente ser quem se levanta para pronunciar um brinde na próxima refeição. Faça isso! Eu lhe garanto por experiência própria que as conferências são muito mais encorajadoras. Não tenha medo do fracasso; ele somente nos fornece informações muito valiosas nas diferentes opções de melhora que se nos apresentam.

Apreciado companheiro, há chegado o momento em que serei sincero que você. Confesso que não encotrei maior prazer em minha vida do que fazer algo por alguém. Ajudar é o sentido de minha vida, e grande parte da “missão de minha existência”.

Quando você faz algo por alguém, quando sabe que graças a você alguém pode respirar com maior tranquilidade, quando faz mais leve a carga de seu próximo, experimenta a dimensão mais sublime que pode viver um ser humano. De todas as recomendações que sugeri até agora, me atrevo a afirmar categoricamente que esta, quando se ajuda a outra pessoa, quando faz algo por alguém, é a mais valiosa, é onde se vive uma mágica realidade. Insisto que pratique, e logo verá que a distância entre o ideal e o real é verdadeiramente curta. Quando fizer algo pelos demais, sentirá como dois corações chegam a bater em um mesmo corpo; perceberá uma enorme emoção por exixtir, uma paixão transbordante que o levará a realizar coisas, antes inimagináveis; tudo por amor, tudo por ser, por ser plenamente humano.

Lhe convido a que, uma vez incrementado seu próprio potencial, se comprometa a viver a magia que há na vida de relacionamentos, esse caudaloso rio que representa o gênero humano. É um verdadeiro desafio aplicar todos nossos conhecimentos na arte das relações humanas, mas o resultado é um delicioso estímulo com enormes resultados e grandes dividendos.

 

Permita-me apresentar a você o seguinte capítulo: “A Arte das Relações Humanas”.

JCF

Tradução: Adri Silveira

Aulas 6 – O Poder de Sua Identidade – Parte 1

LIVE AULA 6: https://youtube.com/live/6eyWoSlPcwE

“O Homem é aquilo que crê”

Anton Chejov

Quem é você? Realmente sabe quem é você? Esta pergunta é de transcendente dimensão e neste capítulo veremos porquê. Veja, é bem possível que tenha feito esta pergunta em várias ocasiões em sua vida, e também é bem possível que a tenha deixado de lado pela dificuldade em respondê-la. Um exemplo da dificuldade para responder esta pergunta se pode encontrar na seguinte conversa:

 

-Quem é você?  Perguntou.

-Sou Juan Carlos.

-Não lhe perguntei seu nome e sim, quem é você?

-Sou formado e consultor.

-Não lhe perguntei sua profissão, quem é você? Insistia…

-Bem…sou casado.

-Não lhe perguntei seu estado civil, quem é você?

 

Já não sabendo o que responder, e diante da suspeita de quem era que me perguntava, respondi:

 

-Sou católico e vou à missa todos os domingos.

-Não lhe perguntei como acalmas sua consciência. Quem é você?

 

E assim sucessivamente seguiu me questionando uma e outra vez, sem que eu soubesse responder de forma correta. Aparentemente, a resposta não era tão simples, mas o que mais me chamou a atenção era que a dificuldade estava em deter-me a pensar, sim, deter-me a pensar em minha própria identidade. Creio que o que aconteceu comigo, e o que pode ter acontecido com você, é que não me dava tempo para pensar em mim mesmo, pensar no que eu era de verdade; e precisamente aí é quando se começa a caminhar pelos caminhos da vida sem saber absolutamente nada de si mesmo.

 

No capítulo anterior começamos a descobrir o que é o ser humano, e muito possivelmente você já queira responder: “Bem, eu tenho a resposta: sou em ser espiritual em um corpo físico, alguma outra dúvida? ” Pois bem, com grande razão poderia responder isso à pergunta “O que é o ser humano? ”, mas desta vez nós fizemos outra pergunta, “Quem é você? ” Existe uma sutil diferença entre ambas as perguntas porque embora tenha me dito o que é um ser humano e, portanto, pareceria que se trata da mesma pergunta, permita-me confessar que não é tão simples. Eu concordo com você em que somos seres humanos e por isso somos fundamentalmente espirituais com um corpo físico; porém, a nível operante, a um nível mais tangível, necessitamos responder a uma identidade “pessoal”, não apenas a uma identidade genérica. É tão importante! A força de nossa própria identidade, que baseado nela é como nos comportamos. Permita-me ilustrar o conceito com uma pequena fábula:

 

Um escorpião se encontrava à espreita num bosque, próximo a um rio. O escorpião tinha a necessidade de cruzar o rio, mas como se sabe, os escorpiões não podem entrar na água porque morrem. Então, enquanto o escorpião se aproximava do rio, observou ao longe uma rã. Ele chegou perto dela e a cumprimentou:

 

-Boa tarde Senhora Rã.

A rã se surpreendeu ao vê-lo e começou a tremer de medo.

-Boa tarde, escorpião. Por favor, afaste-se de mim.

-Qual é o problema, Sra. Rã? Por que tem medo de mim? Sei que minha fama não é muito boa, mas eu só venho lhe pedir um favor.

A rã, temerosa, perguntou:

-O que você deseja? Em que eu poderia ser útil?

-Preciso cruzar o rio. Do outro lado se encontra minha família, minha esposa e meus cinco adorados filhos, tenho que vê-los, creio que eles precisam de mim. Mas se eu entrar no rio, morreria irremediavelmente, e por isso lhe peço que me ajude a cruzar, eu subo em suas costas e uma vez do outro lado, não voltarei a lhe incomodar. Me ajuda?

A rã, diante desta história, duvidou. Pensou que o escorpião não poderia lhe fazer mal, já que se ela morresse na metade do caminho, ele mesmo estaria de suicidando. Mesmo temerosa, respondeu:

-Vamos, eu levo você. E assim foi, o escorpião subiu nas suas costas e juntos entraram no rio. Mas para surpresa da rã, na metade do caminho, o escorpião cravou o ferrão nela, infectando lhe com seu veneno. A rã começava a morrer, porém, conseguiu dizer umas palavras:

-Mas escorpião, por que fez isso? Estou morrendo e agora você também vai morrer, nem sequer vai poder ver sua família. Por que você fez isso? Por que?

O pequeno vivíparo, com uma grande tranquilidade e com uma voz grave, respondeu:

-Porque sou um escorpião, e isso é o que os escorpiões fazem.

 

Aí está! Esse é o poder da identidade. Esse pequeno animalzinho, mesmo tendo a necessidade de encontrar sua família, preferiu se suicidar, para atuar de acordo com sua própria identidade. Seu comportamento foi uma lógica e natural consequência de sua identidade. Da mesma maneira fazemos eu e você. Suponhamos que alguém lhe proponha liquidar a uma certa pessoa. Já sabe, está na moda por todo o mundo que quando alguém atrapalha, se pode matar. Você faria? Seria capaz? Suponho que sua resposta seja um definitivo “não” (pelo menos eu deduzo isso, pelo simples fato de que tenha decidido participar deste curso). Deixe-me comentar que eu tampouco o faria. O fato de que nem eu nem você não poderíamos matar alguém, se deve a que nenhum de nós dois se identifica com um assassino. Percebe? É enorme a força que opera em você quando se identifica com alguém. Acredite que se fizéssemos essa pergunta a um verdadeiro assassino, muito seguramente ele responderia: “Claro, de quem se trata? ”

 

O ser humano sempre atua em consequência à identidade que percebe de si mesmo. Assim, quando você escolhe “a forma” com que faz, sempre obedecerá a identidade que conhece de si mesmo.

 

Por exemplo, imagine a cena: se trata de uma senhora, dona de casa, que sabe que precisa limpar a casa. Essa senhora realmente sabe que é preciso; mais tarde chegarão as visitas que são companheiros de trabalho de seu esposo. É importante deixar uma imagem agradável do lugar, limpo e ordenado, etc., no entanto, ela não limpa. Por que? Muito possivelmente em seu íntimo, passaram reflexões como as seguintes: “Limpar? Eu? Mas eu sou a dona da casa. Limpar é uma atividade própria de outras pessoas, melhor esperar que chegue a pessoa adequada e eu ordenarei que o faça. ” Uma vez mais ficou claro o poder da identidade. A senhora identifica sua pessoa como alguém incapaz de limpar, mas é incapaz pela simples identidade, não porque ela seja limitada por algum impedimento físico, ou algo parecido. Também identifica a “outra pessoa” como aquela que é capaz de limpar.

 

Existem muitos exemplos como esse; o chefe que não pode responder a uma chamada telefônica porque antes sua secretária deve fazer isso, do contrário “não seria” chefe; o jovem que não deseja trabalhar porque “é” um estudante e, portanto, não deve se descuidar de seus estudos; o marido que não elogia e nem reconhece os esforços de sua esposa, porque se o fizesse, “deixaria de ser” o macho da casa, o “homem”.

 

Agora, se até o momento tenha ficado claro que nossa conduta e comportamento é uma lógica e natural consequência de nossa identidade, imagine qual é o comportamento de alguém que identifica a si mesmo como “deprimido”, “ansioso”, “nervoso”, etc., porque a única coisa que poderiam compartilhar conosco seriam sua tristeza, sua ansiedade e seu nervosismo. Do contrário, que agradável seria conviver com alguém que se identifica como uma pessoa alegre, otimista, confiável, etc. Não acredita?

 

“Acima de tudo, nunca pense que você não é bom o suficiente. Um homem nunca deve pensar isso. Acredito que na vida, as pessoas lhe tomam como você se valoriza. ”

 

Anthony Trollope

 

Para enriquecer abundantemente o que você e eu estamos conversamos, permita-me contar uma de minhas histórias favoritas. Está relacionada com Carlos Castaneda e seu mestre espiritual, o nagual de Don Juan.

 

Depois de ser perseguido por vários dias por um jaguar nas montanhas e estar convencido de que a fera iria rasgá-lo membro a membro e comê-lo, Castaneda finalmente conseguiu escapar da besta feroz. Durante três dias havia vivido com o medo de que iria ser destroçado e devorado pelo jaguar. Quando seu mestre lhe perguntou sobre essa experiência, Castaneda, segundo consta em sua obra “O Poder do Silêncio”, respondeu:

“-o que ficou em minha consciência foi que, um leão das montanhas, visto que não podia aceitar a ideia de ser um jaguar, nos havia perseguido montanha acima, e Don Juan me perguntou se eu havia me sentido ofendido pelo fato de que aquele grande gato poderia se arremeter contra mim. Eu lhe disse que seria um absurdo eu me sentir ofendido, e ele me respondeu que eu devia sentir igual respeito às arremetidas de meus companheiros humanos. Devia me proteger ou me afastar de seus caminhos, mas sem a sensação de ser tratado de modo moralmente incorreto. ”

 

Era óbvio que não fazia sentido “ofender-se” pelo ataque de um jaguar, porque o animal apenas estava fazendo o que fazem os jaguares. Do mesmo modo, quando sentimos que alguém nos ofende, é o momento para pensar que nada nem ninguém nos ofende, a única coisa que acontece é que essa pessoa que gritou conosco e nos ofendeu, está fazendo o próprio de um ser hostil e que grita muito, alguém que pareça nos machucar e ferir, simplesmente está fazendo o que uma pessoa com essa identidade faz. Essa é a percepção que tem de si mesmo e apenas atua em consequência disso. Reflita e fique ciente de que existe a grande possibilidade de que tudo o que ofende, pode representar a sua identidade “ofendido” ou vítima. Portanto, estabelecer regras sobre como você deve ser tratado, é uma maneira de garantir que se converterá em um ofendido crônico.

 

Eu me recordo de uma vez em que estava ministrando uma palestra motivacional acerca dos valores humanos, a um numeroso grupo de prisioneiras, em uma prisão do lado oriente da cidade. A experiência foi muito interessante; pela primeira vez em minha vida eu presenciava um ambiente tão hostil. Verdadeiramente não era nada agradável; o cinza das grades, o rosto nada amigável das guardas, o ambiente tenso e pesado, etc. Minha conferência estava programada para começar às 12:30hs, e às 13:15hs ainda não havia começado. A razão foi que a mulher, líder das reclusas, não estava concordando em ir me ouvir, organizou todas as prisioneiras para chegarem mais tarde, e assim, tentar me deixar desesperado. Finalmente depois de tanta espera pude começar, e a maior surpresa foi que na metade de minha conferência, enquanto eu estava falando, a líder se levanta e grita do meio do auditório: -“Palestrante, fale mais alto porque não estamos ouvindo aqui de trás”. Nesse momento todas suas companheiras começaram a rir, e eu nem preciso dizer como me senti.

Era a primeira vez em minha carreira dando uma palestra, que me sucedia algo parecido. Fazendo um alarde de minha paciência, consegui terminar minha prática e, certamente, percebi que conforme avançava em minha conferência, a atenção da audiência ia se incrementando, mas o que aconteceu no final me deixou uma grande lição de vida. Estava a ponto de sair, e me chamou a atenção o fato de que a mulher que gritou no meio da palestra, estava quieta e sentada, não se movia do lugar. Tinha os olhos fixos no chão e apoiava sua cabeça nas mãos. Quando ia saindo passei bem perto dela e pude escutar uma conversa que mantinha com a guarda que a vigiava continuamente:

 

“Eu aprendi que devemos valorizar a nós mesmos, eu achei isso muito bonito” – disse em tom muito áspero e vago.

A guarda que estava perto dela escutou e disse:

“Que pena que não aprendeu isso antes de se tornar uma prisioneira, sua sorte seria diferente. ”

A mulher se voltou, cravou-lhe um olhar como se não estivesse entendendo o que acabara de ouvir e respondeu:

“Bem, como você quer, se eu não conhecia isso? ”

 

“Não conhecia”, nunca havia identificado em sua personalidade os valores dos quais fui falar naquela ocasião. Foi então quando me perguntei, como é possível que alguém seja bondoso, se nunca antes conheceu a Bondade? Oras, nem sequer sabia que existia. Como podemos pedir a um jovem que seja honesto, sem nunca ter visto esse valor em sua família? Como podemos convidar a viver em união, lealdade e fraternidade, alguém que nunca teve uma família, alguém sem pai e mãe, verdadeiros órfãos…com pais vivos? Com lições como esta é quando mais tenho interesse em que ajudemos a criar uma nova consciência sobre nós mesmos.

 

Nossa identidade começa a se formar com o conhecimento dos diferentes valores e virtudes do ser humano. Não nascemos com uma identidade predeterminada. Quando você vai a um hospital cumprimentar a uma mãe que teve seu primeiro filho, que pergunta costuma fazer? Se foi menino ou menina? Não é verdade que esta é a pergunta mais comum? Pois bem, pode perguntar isso e a resposta da nova mamãe também poderia ser uma das duas: menino ou menina. Imagine que a mamãe lhe respondesse: “Estou muito feliz, tive um pianista, ou um eletricista, ou, tive um pequeno bebê cardiologista”. Absurdo, não é verdade? Porque desde esse momento, nosso nascimento, se inicia uma longa jornada para nos identificarmos conosco mesmos, e atuarmos em consequência.  Não nego que existam fatores genéticos que nos favoreçam para tal qual identidade, mas como disse no capítulo anterior, isso apenas favorece, mas não determina.

 

Quem é você? Por favor eu lhe suplico que pare sua leitura neste momento e se permita pensar em algo transcendentemente valioso, em sua própria identidade. Lhe aconselho que pegue papel e lápis e escreva quem é você. Depois faça uma lista de comportamentos que validem sua própria identidade. Por exemplo, se na parte superior da folha você escreveu: “Sou uma pessoa bondosa”, abaixo escreva todos os comportamentos que que validem isso, como visitar alguns asilos aos finais de semana, dividir seu tempo mais valioso com seus filhos e companheira/o, ajudar financeiramente alguém de maneira anônima, ajudar na manutenção de alguma criança de rua, etc. Faça isso agora mesmo! Escreva quantas identidades creia possuir: sou bondoso, sou alegre, sou nervoso, etc., e justifique cada uma delas. Verá que será mais fácil com aquelas identidades que “realmente” são você. Interesse-se por você mesmo; eu lhe garanto uma grande lição de vida. Se gosta de dividir com o grupo o que descobriu com esse exercício, vá em frente r o faça, por favor.

Juan Carlos Fernández

Tradução: Jolly Permission

Aulas 4 e 5 – O Poder de Sua Escolha

Live Aula 4: https://youtube.com/live/Z2ij6coZnE0

Live Aula 5: https://youtube.com/live/CQLT9RRJS-o

 

O Poder de Sua Escolha

“O homem não é a criatura das circunstâncias, mas sim, as circunstâncias são as criaturas do homem”

Benjamín Disraeli

 

No verão passado, eu saí de uma prática de desenvolvimento humano e me lembro perfeitamente quando uma pessoa me cercou e fez uma pergunta muito interessante: “Depois de tudo o que acabo de escutar, me surgiu uma dúvida, o que é o mais humano do humano? ” E nesse instante eu pensei: “bem, o que foi que eu disse para que surgisse essa curiosa pergunta? ” E naquele momento eu fiquei calado com cara de quem estava pensando, realmente pensando, porque não tinha ideia do que responder a essa pessoa. A primeira coisa que me veio à mente foi: “Sim, claro, eu vejo. Essa é uma pergunta muito inteligente e eu gostaria de respondê-la em melhor ocasião, que tal descansarmos um momento e com prazer eu o procuro mais tarde e conversaremos”.

Assim, por sorte, entre tanta gente, os barulhos, os brindes de encerramento, etc., tudo voltou à normalidade. Porém, ao chegar à solidão reflexiva de minha casa, a pergunta não deixava de me rodear, “o que é o mais humano do humano? ” Por acaso realmente existe algo tão característico que defina tão somente a nossa espécie? Eu não tinha tanta certeza, mas confesso que certos estudos a que tive acesso apontavam para a resposta a essa pergunta.

Permita-me dizer algo: veja, é muito curioso quando nasce um animal de espécie inferior à nossa, ele sempre será isso que nasceu, por exemplo, quando um periquito nasce, vive como periquito e irremediavelmente morrerá como periquito.  Um cachorro nasce cachorro, vive como cachorro e também irremediavelmente morrerá como cachorro. A mesma coisa acontece com o golfinho, um carrapato ou um avestruz. Então, a enorme diferença consiste em que o ser humano nasce e logo “escolhe” o que quer ser, inclusive pode escolher ser mais humano ou não ser. Esta reflexão é muito confrontante, muito comprometedora.

Quando nasce, todavia, você depende de sua mãe por um tempo, aliás o ser humano é o animal que nasce mais indefeso, se comparado a uma grande gama de animais de espécie inferior a ele. A mãe tem que lhe proporcionar espaço, tempo e alimento. Mas conforme ele vai crescendo e desenvolvendo-se, começa a viver a emocionante aventura de escolher. Este enorme poder vai se incrementando com o transcorrer dos anos, por exemplo, duvido muito que você tenha escolhido qual Jardim de Infância frequentou, revisado os planos de estudo, entrevistado diferentes mestres dessa instituição para valorizar seu ensino acadêmico, etc., não é verdade? Creio que a você tenha sido igual a mim, nos mandaram e nem nos perguntaram. Mas com o passar dos anos você já podia escolher qual Universidade cursar, a carreira que quisesse seguir, inclusive, podia escolher estudar ou não. Pelo menos, espero que a essa altura da vida já permitam que você escolha.

Desta forma é que se vai amadurecendo, todos nós necessitamos um dia nos confrontarmos com o momento da escolha, inclusive enfrentar esse momento quando somos os únicos no processo de escolher, e não há nada nem ninguém a quem consultar. Se você tem levado uma vida de responsabilidades, é possível que haja experimentado momentos como esse. Durante toda vida nos encontramos escolhendo, escolhemos a que horas vamos nos levantar, quando tomamos banho, que sabonete usamos para nos limpar, a roupa que colocamos, o alimento que ingerimos, o automóvel que nos transporta, etc., a lista seria interminável. No entanto, quando realizamos tantas ações em nossa vida, repetindo dia a dia, elas se convertem em hábitos, e então é quando se fazem inconscientes, e por isso muitas vezes já não nos damos conta do processo de escolha, mas isso não implica que nossa escolha seja falsa ou inadequada, não, pelo contrário, simplesmente caímos presos ao costume.

Lembra-se da última viagem que fez?  Se pode lembrar é possível que se espante com a quantidade de processos de escolha que fez para dar um pequeno passeio. Você escolheu o lugar a visitar, o caminho mais adequado para chegar, o hotel ou a casa ao qual chegou, escolheu a hora de sair (se bem que muitas vezes não coincidia com a verdadeira saída), etc.

Essa enorme capacidade de escolha é a maneira como se manifesta uma das faculdades espirituais do ser humano, “O Desejo”. Através dessa faculdade é que escolhemos, e o processo que leva a cabo nosso desejo é verdadeiramente interessante. Quando se é confrontado por determinadas circunstâncias e precisa escolher, é quando entra em ação nosso desejo, manifestando-se no fato mesmo de escolher. Porém, caberia fazer outra pergunta: De onde vem nosso desejo? Quais são as opções que temos? Precisamente, as opções nos apresentam uma outra faculdade espiritual do ser humano, “A Inteligência”.

A inteligência se encarrega fundamentalmente do conhecer, do conhecimento. É a matéria prima da inteligência e por isso, “o saber” é uma das suas principais manifestações. De tal modo que, quando escolhemos, nosso desejo sempre consulta as opções que nossa inteligência apresenta.

Vejamos um exemplo. Se você quiser ir hoje à noite a uma grande festa porque recebeu o convite para ir, sem dúvida iria (e mais provavelmente se a entrada é livre). Imagine que você está dirigindo e ao chegar na esquina de uma avenida principal, observa que mais adiante há um acidente, e supõe que demoraria muito tempo cruzar as 7 quadras que faltam para chegar ao seu destino. Nesse momento, é possível que duvide acerca de qual seria a melhor opção, sobretudo se tem um pouco de pressa em chegar. “Sigo em frente já que logo o transito será liberado? Ou melhor entrar à esquerda e ir por ruas alternativas? ”

Essa parece ser uma pergunta fácil de responder, mas, e quando você não conhece a região, e já é muito tarde da noite? Verdade que agora já não é tão simples? Pois bem, nesse momento o desejo se aproxima da inteligência e lhe pede as sugestões para poupar tempo, encontrando a via mais curta e o melhor atalho. Se você “conhece” a região, sua inteligência poderia mostrar a seu desejo um verdadeiro mapa geográfico e com isso, a escolha se faria a mais adequada. Mas imagine que seu desejo se aproxima de sua inteligência e lhe diz: “Inteligência, olá, eu tenho uma notícia para você, estamos perdidos em meio a não sei onde!  Por favor me mostre as opções mais viáveis para sair daqui, esses caminhos estão me deixando com nervoso! Apresse-se! ” E a inteligência responde: “Não há nenhuma, lembre-se que hoje é a primeira vez que saímos à rua, boa sorte! ” Creio que embora pareça um conto infantil, é muito provável que essa tenha sido a conversa entre sua inteligência e seu desejo, na primeira vez que saiu dirigindo sozinho um automóvel, naqueles aos de adolescência. Você se lembra? Mas com o passar dos anos, verdadeiramente é mais difícil se perder porque você tem cada vez mais conhecimento.

O exemplo que acabamos de imaginar opera para qualquer de nossas escolhas, sempre há a necessidade de consultarmos a inteligência. Daí o fato importante que tem o “conhecer”, o saber. Se fizermos uma pequena reflexão, veremos que o ser humano se encontra aprendendo continuamente através das informações que obtém dos seus cinco sentidos, em tudo o que observa, no que escuta, toca, ouve ou saboreia. Tudo é informação que chega à inteligência a cada momento. Assim, vai se formando um verdadeiro banco de dados com dimensões inenarráveis. Eu acho que chegou à conclusão de que quanto mais você sabe, mais opções você pode escolher. Você está em direito.

“O Ser Humano não é apenas um ser material, com uma experiência espiritual, mas sim, é um Ser Espiritual, com um componente físico”

Wayne Dyer

 

Os antigos filósofos gregos definiam o Ser Humano como um animal racional, e desta forma verdadeiramente diziam muito porque, a seu modo, definiam racional como o conjunto de três faculdades: inteligência, desejo e liberdade. Porém, foi há muitos anos que li a mais bela definição do que poderia ser o Ser Humano, e isso aconteceu quando chegou às minhas mãos um livro de um dos autores que mais admiro e de quem eu aprendi muito, o Dr. Wayne Dyer.

Foi então quando pude conceitualizar melhor o que é ser um humano. É uma definição muito concreta, mas não deixando de ser extraordinária, sobre o Ser Humano, com a qual estou profundamente de acordo. O Ser Humano é fundamentalmente um Ser Espiritual com uma dimensão física, o que é muito diferente da perspectiva de que o humano é um ser físico com uma dimensão espiritual. Ainda que pareça um simples jogo de semântica, a diferença entre ambas as perspectivas é abismal. Esta dualidade corpo-espírito tem sido tema de discussão entre grandes filósofos desde a antiguidade e inclusive até nossos dias atuais. Porém, que fique claro que ambas entidades, espírito e matéria, formam a unidade chamada “Homem”. Não creio que seja necessário discutir qual ocupa mais espaço, qual é mais importante, ou se estamos de acordo ou não. A única coisa que quero compartilhar é que nosso espírito, o seu e o meu, possuem essas duas faculdades das quais falamos a princípio, Inteligência e Desejo.

Portanto, quando exercemos nossa mais pura essência, o espiritual, é quando somos mais humanos; quando aprendemos, quando conhecemos, quando escolhemos e decidimos, é quando somos mais plenamente humanos. Estou convencido disso, e é algo que verdadeiramente me emociona, e espero que você perceba assim também. A profunda mágica que existe quando temos a capacidade de escolher, nos posiciona em uma grande vantagem competitiva em relação a todas as demais espécies, inclusive dentro da nossa, não é verdade?

Como verá, foi então que pude responder àquela pergunta que uma pessoa me fez após a conferência, “O que é o mais humano do humano? ” E eu poderia ter dito: “Seu espírito”, com o qual não creio que ele teria ficado muito satisfeito. Ou talvez poderia ter respondido: “Seu conhecimento”, com o qual, eu creio que tampouco ele teria gostado. Mas cheguei à conclusão que a resposta mais viável seria: “Meu estimado e elegante amigo, eu me atreveria a comentar que o mais humano do humano é seu enorme poder de escolha”. Caramba! Quantas coisas se diz com essa frase! Mas de todas as maneiras eu imagino que o poder de escolher é uma resposta adequada.

Inclusive, nesse mesmo instante, enquanto lê esse material, você “escolheu” fazê-lo, está exercendo faculdades plenamente humanas, está aprendendo, e decidindo, e eu lhe felicito por isso! Esse é o poder de sua escolha, e creia que o exerce a todo momento, embora na maior parte do tempo o faça inconscientemente. O desafio: torná-lo consciente.

 

Sua visão pessoal

Definitivamente aprendemos algo muito valioso; o poder que você leva dentro de si. A fim de que, enquanto se forja nossa personalidade, baseada em muitos e variados fatores, o único que é determinante é você mesmo. Veja, nossa personalidade, nossa visão pessoal, é influenciada por vários aspectos, tais como o momento histórico no qual nascemos nesse mundo, o perfil socioeconômico da família na qual surgimos, os hábitos de nossos pais, os costumes sociais de nossa época, nossos mestres e amigos, etc., porém, o único fator que determina nossa personalidade, nosso ser, é nossa própria autodeterminação.

“Absolutamente nada nem ninguém tem importância, apenas aquela que você mesmo escolheu dar”

 

Alejandro Ariza Z.

Faz muito tempo que ouvi uma história que provavelmente nos sirva nesse momento. Se tratava de um sujeito de 55 anos de idade, delinquente, alcoólatra, e estava na prisão cumprindo uma pena de vários anos por haver assassinado o balconista de uma loja de bebidas durante um assalto. Esse homem teve dois filhos, um deles se tornou uma cópia quase fiel de seu pai: assaltante, alcóolatra, viciado em drogas, e mantinha seus vícios roubando peças de carros e vendendo nos bairros mais baixos da cidade. No entanto, o outro filho se tornou dono de seu próprio negócio, levando uma vida muito saudável, era casado, tinha três belas filhas, inclusive estava próximo de abrir uma nova filial de sua microempresa.

O mais interessante é que a ambos os filhos se fez a mesma pergunta: Por que haviam escolhido esse tipo de vida? Os dois responderam de maneira independente, sem que um soubesse a resposta do outro. Porém, o maior impacto foi quando ambos deram a mesma resposta: Que outra coisa poderia ter feito depois de ter tido o pai que eu tive?

Isso é a própria autodeterminação, quando o ser humano está “por cima” das circunstâncias e não “é vítima” das circunstâncias. O ser humano que vive dependendo das circunstâncias é o que se conhece como “Personalidade Reativa”, é o ser humano que é definido por seu ambiente, é definido pelo clima, é definido pela economia de seu país, é definido pela sua família, sua esposa, é definido por um sem número de fatores “externos” a ele. Obviamente, todo seu comportamento começa com base em seus pais, em Deus, na sorte, em seu horóscopo, etc.

No entanto, esse ser humano se move a níveis dramaticamente inferiores àqueles que lhe são conferidos. Quer dizer, sendo a máxima obra da criação, simplesmente opera “reagindo”, ao mesmo nível da mais elementar formulação. Existe uma lei da física que diz: “A toda ação lhe corresponde uma reação de igual força, mas em sentido contrário”, e é precisamente assim que agem essas pessoas: ação-reação, e nunca se detêm a pensar e escolher! Um ser humano “plenamente humano” não deve agir assim.

Como vimos anteriormente, o homem tem a enorme capacidade de escolher, e é exatamente entre a ação e a resposta que se apresenta essa capacidade. Essa outra tipologia é a “Personalidade Proativa”: aqueles que são donos das circunstâncias.

Existem muitos diferentes fatores que influenciam seu comportamento, mas somente um o determina, o mesmo, diante de sua grande capacidade de escolha. São pessoas que percebem as ações, mas antes de responder, “pensam” como e quando responder. Embora não seja uma tarefa fácil, é algo que nos faz mais humanos. Henry Ford disse em certa ocasião “Pensar é a tarefa mais difícil que existe, por isso, provavelmente, são tão poucos os que se dedicam a ela”. Parafraseando Henry Ford, me atreveria a dizer que essa é a razão porque existem tão poucos proativos e tantos reativos. Essa é a enorme diferença. Uma diferença que pode marcar a distinção entre uma pessoa saudável e uma doente, entre uma pessoa que se realiza dia a dia e uma frustrada.

“Poderás permanecer impassível diante de um rio caudaloso, mas não no mundo dos homens”

Provérbio Japonês

A mesma dinâmica que viemos comentando opera no emocionante mundo das relações humanas. Quem nunca teve problemas com alguém? Provavelmente nunca aconteceu a Robinson Crusoé, enquanto ele estava sozinho, porém, duvido que tenha ficado tão imparcial quando chegou Vernes, seu acompanhante. Pois o mesmo desafio nos afronta, todas as pessoas são obrigadas a conviver (e até o momento, essa é a dinâmica da maioria). Todos temos que conviver de uma ou outra forma, com a família, com os companheiros de escola, de trabalho, etc. Daí que seja uma verdadeira arte o fato de conviver. Uma ocasião eu ouvi de um amigo que havia se casado recentemente, o qual fui visitar, e me lembro quando ele dizia: -“Estou tão apaixonado! Minha maior alegria é quando faço minha esposa feliz, sinto que esta é a minha responsabilidade, minha nova vida”. Eu refleti e lhe disse: -“Que bom! Eu estou feliz, porém tenha a prudência ao medir os limites da sua responsabilidade”. -“O que quer dizer com isso? ” Ele exclamou. –“Pois bem -eu disse-, eu me refiro a que cada ser humano é o único responsável por suas próprias emoções. Ao contrário, se você se responsabiliza pela felicidade de sua parceira, ela estará destinada a viver uma desgraça por toda sua vida; suas emoções dependeriam exclusivamente de você e isso não pode der verdade. A autêntica felicidade é decisão da própria pessoa. Contudo, se por amor, você favorece sua própria escolha, ótimo! Que extraordinário crescimento está ajudando sua esposa a alcançar.

Todos nós já experimentamos alegria ou tristeza baseados no comportamento de outra pessoa, e nesse mesmo instante nos convertemos em “vítimas” dessa circunstância. Em minha própria visão pessoal e na de muitos amigos, tenho visto esse erro ser cometido uma e outra vez. O resultado: frustração, ansiedade, depressão. Esse erro nas dinâmicas interpessoais se deve primordialmente ao tipo de “amor possessivo”, que domina muitas pessoas em seus relacionamentos. Porém, uma vez reconhecida essa dinâmica (como veremos no capítulo 3 deste material), se torna mais fácil e duradoura a convivência entre os seres humanos. Em várias ocasiões já deve ter ouvido frases como: “Cale-se, porque você está me fazendo mal! ” Ou, “Você está me deixando doente! ”. Pois bem, lamento desiludi-lo, mas quem está lhe fazendo mal, ou quem está lhe fazendo ficar doente é apenas você. Muitas vezes nem sequer a outra pessoa, “seu agressor” (segundo você), está sabendo do mal que está causando; imagine, que ironia! A Senhora Emma Godoy disse em uma entrevista que ela fez no rádio, que a inveja e o ciúme eram duas emoções profundamente absurdas e desgastantes, já que a pessoa pela qual sentíamos inveja ou ciúme, muitas vezes não sabia nossas reações. Ela disse em tom de brincadeira: ”…pelo menos se nosso ciúme ou inveja causassem dores terríveis na outra pessoa, ou lhe surgissem distúrbios intestinais, seria discutível o benefício de experimentarmos essas emoções, no entanto, não acontece nada a nosso agressor, e tão somente causamos danos a nós mesmos, não ganhamos nada, é uma bobagem fazer isso…” e com muita razão.

Sei que enquanto você está lendo esses conceitos, muito provavelmente está de acordo e inclusive, deve estar acenando com sua cabeça; mas, e na hora da verdade? Você é realmente proativo? Sinceramente pensa e escolhe antes de agir? Não precisa responder, não tenho a intenção de torturá-lo, simplesmente faço essa reflexão porque primeiro, antes de mais nada, precisamos conhecer mais a nós mesmos para que, logo e mais corretamente, naveguemos pelo emocionante mundo dos relacionamentos humanos como verdadeiros artistas nessa área. Tudo começa com a própria perspectiva que temos de nós mesmos. Se nos interessa viver uma vida plenamente prazerosa em todos os diferentes papéis que exercemos diariamente, eu recomento fazer um percurso por sua própria personalidade. Pode imaginar? Percorrer sua própria personalidade e conhecer-se um pouco mais! Conheça o Poder de sua própria Identidade!!!

 

Veja você, esse material que estamos compartilhando é como uma escada até uma Nova Consciência, e poderia garantir que o primeiro degrau se chama Autoestima.

 

Existe um princípio filosófico fundamental que diz assim: “Ninguém pode dar o que não tem”. Se eu lhe pedisse dez dólares emprestados (e supondo que você esteja de boa vontade), você me emprestaria. Mas, o que aconteceria se você não tivesse? Não poderia me emprestar, é claro. Acaso eu teria razões para pensar que você é avarento, ou egoísta? Imagine que eu responda: “Ah sim…é assim que ficamos…pois então feche o arquivo neste momento e pode parar de ler”. Absurdo, não é verdade? Se você não tem os dez dólares, mesmo que tenha a maior vontade de me emprestar, será impossível fazê-lo. Pois bem, se alguém pedir sua confiança, seu carinho, seu respeito, e você não tem! Seria impossível dar a eles.

 

Eu os convido cordialmente a dar um passeio pelas distintas dinâmicas da autoestima, investiguemos quais são os pilares que mantém a nossa, e como incrementá-la. Aprenda com os casos práticos através dos quais dignifique mais sua personalidade, e se identifique como alguém que realmente merece ser mais do que até hoje tem sido. Interessa a você? Pois bem, adiante, continue com sua leitura e ascenda ao primeiro degrau do êxito, utilize o poder de sua identidade. (Capítulo seguinte).

 

 

Capítulo seguinte

Introdução (Aulas 1, 2 e 3)

Links do YouTube:

Live 1: https://youtube.com/live/9CBV1J_xknE

Live 2: https://youtube.com/live/8Z0nukF59A8

Live 3: https://youtube.com/live/ZCNZa2ECmTU

Aula 01 –  Introdução

“O Primeiro Degrau do Êxito” Não é o que nos acontece que nos afeta, mas sim, a interpretação que fazemos do que nos acontece.

Viola Edward

Este curso é uma apaixonante viagem pela arte de ser humano. É uma colaboração para lhe ajudar a alcançar um nível mais elevado de consciência; uma nova consciência, onde seus pensamentos resultam ser tão poderosos, que podem afetar o mundo ao seu redor, seus relacionamentos pessoais, a manifestação física, material, e sua perspectiva do mundo em geral. Porém, minhas palavras não vão fazer isso se tornar real, somente se experimentar em sua própria vida, isso se converterá em realidade. Por isso, é um curso.

Esse projeto não se baseia em ensinar uma verdade, mas sim, que você descubra a sua verdade, seu próprio poder, e com ele, se lembre de quem você é.

Descobrir a ligação que nos integra a este mágico Universo, do qual somos parte, para vivermos plenamente e sobretudo, para alcançarmos a harmonia emocional, mental, física, material e espiritual.

Essa emocionante viagem através do crescimento como ser humano, se propõe a dissipar algumas falsas crenças que existiram em seu passado, e chegar a um novo conjunto de conhecimentos. Com suas novas ferramentas você saberá que…

…ao invés de viver num mundo de limitações, que sua realidade e seu potencial são ilimitados.

…ao invés de estar determinado por sua herança, circunstâncias e forças externas, que você cria sua própria realidade, que existem forças divinas que atuam “com e dentro” de você.

…ao invés da existência humana geralmente ser má e perigosa, que toda experiência humana é uma bênção e que algo acontece. Esse algo é uma motivação maior e positiva.

…ao invés de depender das circunstâncias, decisões e pessoas fora de seu controle, que existe dentro de você o maior poder do Universo, para ajudá-lo a criar o que deseja.

…ao invés de que nos espera um futuro difícil e cada vez pior, com certeza nos espera um futuro extraordinário e belo, cada vez melhor, onde ficamos ansiosos para existir.

Sei que muitas pessoas duvidarão e muitas negarão várias coisas que trataremos nessa viagem. Que assim seja. São a verdade, segundo vivo meu dia a dia, e ela sai de meu coração.

O curso de autoestima nasceu em setembro de 2005, para compartilhar aberta e desinteressadamente, sem pedir nada em troca e sem nenhum custo, com pessoas que precisavam de respostas, para encontrar a luz em seu caminho de vida; por isso peço que compartilhe com o mesmo amor com que eu o faço.

Não tem a ver com nenhuma religião, ou cor da sua pele, onde vive, sua afiliação política, ou qualquer outra crença que nos separe. Além disso, esse curso tem muito pouco enfoque de psicologia tradicional.

Não é estritamente necessário seguir a sequência numérica dos capítulos, com exceção de alguns capítulos seriados, nos quais, logo no início, há a indicação no título, Parte 1 ou Parte 2, etc…., mas que também estarão indicados no índice. Se sente o desejo de ler alguns capítulos simplesmente guiado por que o título chame sua atenção, está bem, isso corresponde à orientação de seu guia interior, embora retrospectivamente se veja uma evolução no tratamento dos temas com o tempo, seguramente influenciado por meu próprio crescimento.

Tem sido um grande prazer planejar esse curso de autoestima, mas é uma emoção indescritivelmente muito maior “viver’ na nova consciência de que falamos, eu lhe desejo a mesma emoção em viver, e mais, com seu novo descobrimento: Você Mesmo.

Adquirir uma Nova Consciência de nós mesmos é todo um desafio perante os hábitos dos seres humanos. Planejar uma reconstrução mental parece difícil, mas se torna sumamente fácil quando se dimensiona o bem que se pode chegar a alcançar.

Uma das maiores lições que podemos aprender como seres humanos é saber o motivo de nossos comportamentos. Todo ser humano tende a evitar a dor e o sofrimento, e buscar a felicidade e o prazer. Acredite que visualizará uma perspectiva diferente diante da vida, quando tiver plena consciência desta dinâmica mental tão interessante do ser humano.

Quando alguém experimenta certa dificuldade para iniciar algo novo em sua vida, é porque é natural do ser humano esse sentimento de medo diante da mudança, o que dificulta a mesma. A mudança, por definição, implica certo temor acerca do desconhecido. Platão, grande filósofo grego, dizia que a coragem e a covardia não existiam, mas sim o que verdadeiramente existia eram o conhecimento e a ignorância. Agora, se pedirmos a uma criança pequena, de apenas dois anos de idade, que se jogue do 9º andar de um edifício, desde que não haja interferência de seus pais ou nenhum adulto, ela pularia, claro que pularia. No entanto, poso assegurar que nem você nem eu estamos pensando na valentia dessa criança ao enfrentar esse desafio, não é verdade? O que eu posso assegurar é que essa criança não tinha conhecimento da grave consequência desse ato, ignorava essa informação, e por isso, se lançou no vazio.

Mas, se ao contrário, pedirem a você que se jogue do terraço de sua casa, não o faria de maneira alguma (a menos que tenha um motivo forte para fazer. Eu recomendo terminar de ler todo esse material para depois tomar a decisão). Seria falso dizer que você é um covarde por não aceitar esse desafio; o que verdadeiramente acontece, é que você “conhece” as consequências do golpe que poderia receber. Aí está, conhecimento e ignorância, essa é a dualidade onde exercemos muitos de nossos comportamentos na vida.

Quantas vezes você não exclamou: “Caramba! Se eu soubesse disso antes…”, ou “Eu não imaginava isso”. Existe um sem número de frases que nos mostram a ignorância do conhecimento que tínhamos desta ou daquela coisa. O importante disso é que tudo o que podemos chegar a conhecer servirá como parâmetro fundamental de referência, para que posteriormente possamos decidir. Esse conceito é aplicado a praticamente tudo na vida. Como vamos escolher algo que não conhecemos? É transcendentemente importante conhecer. Podemos chegar a dizer que em quase todos os momentos estamos tendo conhecimento.

Quando lemos, observamos, tocamos, escutamos, quando assimilamos informação por qualquer dos nossos cinco sentidos, estamos conhecendo, estamos aprendendo. Eu lhe garanto que quanto mais saiba de qualquer área de conhecimento humano, mais humano se pode chegar a ser pela capacidade de escolha que se incrementa como consequência.

Todos nós, você e eu, passamos por momentos difíceis, por momentos onde se põe à prova nossa cautela, nossa fortaleza, nossa temperança, nossa justiça, etc., porém, aqui há algo que também pode ser positivo; nossa capacidade de decisão, mesmo que em momentos difíceis, a conservamos, e graças a ela é que podemos escolher, podemos decidir em que nos fixamos.

Veja, quando eu disse ‘momentos difíceis” eu quis dizer que você tem a liberdade de escolher, dar mais importância para a palavra “momentos” ou para a palavra “difíceis”, e nessa decisão, não é verdade que existe uma grande diferença? Eu me lembro quando uma amiga me falava ao telefone num domingo, cerca de meia-noite. Era um de seus últimos momentos de férias, porque no dia seguinte se iniciava mais um semestre em seus estudos universitários. Me falava um pouco perturbada e triste pelo fim de suas férias, mas se percebia sua preocupação com o início das aulas; uma vez mais levantar cedo, estudar, correr para a aula, preparar-se para os odiados exames. Além disso, sua escola se caracterizava pelo prestígio de ser “das mais difíceis” das escolas, onde seus alunos apresentavam casos de calvície, úlceras, alterações na pele, etc. como se vê, algo “muito motivador” para se começar o semestre.

Ela me disse “estou um pouco preocupada porque amanhã inicio um novo semestre, e me dá um pouquinho de medo, sabe? ” No entanto, eu respondi algo como: “eu entendo, eu também me lembro de quão espantoso foi quando eu comecei a estudar para minha carreira profissional: o desafio de novas matérias, porém, deixe eu lhe perguntar algo: já dimensionou a maravilha que é poder estudar? O que você prefere?  Estudar ou levantar-se às 4:30 da madrugada para ir até a Central de Abastecimento, pegar suas mercadorias, carregar sobre seus ombros até chegar ao mercado, e montar sua banca de verduras e se dedicar a ela; ou melhor é ter a felicidade e a oportunidade de estudar, viver a maravilhosa aventura de descobrir novos mundos e diferentes perspectivas na vida, como as que encontra na universidade, poder ler sentada na poltrona mais aconchegante de sua casa, saboreando ao mesmo tempo um delicioso café; ou você preferia ter que sair e vender jornais, e ter um horizonte tão curto como seu próprio nariz, sem sonhos a alcançar, sem desafios a enfrentar. Caramba! Se emocionar enormemente ao saber que tem a capacidade de ler e com ela, chegar a conhecer tanto, podendo escolher entre tantas variadas opções que se apresentam na sua vida. Agradeço a Deus a oportunidade que me deu para estudar, e o apoio de meus pais que se refletiu em uma melhor educação, mais conhecimentos, maior capacidade de escolha e decisão, como consequência lógica.”

Se fez um silêncio na linha telefônica, logo depois ela respondeu: “Não sei o que você fez, mas já me deu uma enorme vontade de ir amanhã para a faculdade.” Mas claro! Aí estava a diferença; antes mesmo do evento (assistir as aulas), nós dois tínhamos perspectivas diferentes e com isso, experimentávamos emoções diferentes. Acredite, podemos ver as coisas de uma maneira diferente de como estamos acostumados, basta que você queira assim.

Uma vez que temos intensificado uma nova crença, uma nova perspectiva perante a vida, através do tempo, começa a se tornar como um verdadeiro estilo de vida; começamos sempre a ver as coisas através do mesmo cristal, e tenha a plena certeza de que você mesmo pode limpar ou sujar esse cristal. Estou convencido de que a perspectiva que alguém tem de sua vida é muito similar à visão que se tem quando se está dirigindo um carro. Quando dirige, vai observando tudo o que está diante de você, para evitar colisões, saber que rua é conveniente pegar, etc., mas muito poucas pessoas param para pensar que para ver tudo isso, também foi necessário olhar para o para-brisas, ao mesmo tempo e através dele! Porém o mais impactante, é que quase ninguém se dá conta disso.

Esse para-brisas poderia estar empoeirado, acinzentado, velho ou riscado, e muitas pessoas poderia dizer, “Caramba! Que dia tão nublado”! Pois bem, mesmo que essa seja uma realidade muito possível em uma grande cidade, alguém poderia ficar surpreso quando saísse do carro por um momento e visse “a realidade” mais clara, poderia até esfregar os olhos como que não acreditando que à sua frente está um dia limpo!  Que interessante se voltarem a ver seu para-brisas e o encontram sujo, que maravilha se ao perceberem a causa da diferença e começarem a limpar e polir seu para-brisas, e posteriormente voltarem ao volante do carro para dirigir novamente, e muito seguramente exclamassem: “Que dia lindo! ”. Pode imaginar isso?

Pois bem amigos, o apaixonante passeio que os convido a dar, é para que juntos limpemos nossos para-brisas. Em nós está a decisão para isso. Você e eu iniciamos no dia de hoje uma emocionante jornada que não sei quanto tempo durará, mas estou certo que mudará sua vida. Nos faremos acompanhar por muitos mestres: Deepak Chopra, Alejandro Ariza, W. Dyer Wayne, Gregg Braden, Lair Ribeiro, Joseph Morphy, Norman Vincent Peale, Lynn Grabhorn, Neale Donald Walsch, Stephen Covey, Louise L. Hay, Esther y Jerry Hicks, Joe Vitale, Emet Fox, Emilio Guzmán, Ema Godoy, Leo Alcalá, Camilo Cruz, Víctor Frankl, Ralph Waldo Emerson, Harold Kushner, Gerardo Schmedling, Sergio Valdivia, Anthony Robbins, Robert B. Stone, James Readfield, Daniel Goleman, Jack Canfield, Carl Gustav Jung, Miguel Ruiz, Brian Tracy, Masaru Emoto, e alguns outros nomes que me escaparam neste momento, além de seu servidor.

Dedico essa obra a meu mestre, o Dr. Alejandro Ariza, que com seu grande valor e conhecimento humano mudou minha vida e de minha família.

Comecemos!

Del Taller de Autoestima de Juan Carlos Fernández

Tradução: Jolly Permission