Aula 22 – Por que Eu?

Live Aula 22: https://youtube.com/live/0d5gdeuf_3w?feature=share

 

“Quanto mais vezes tomar decisões responsáveis, mais se dará conta de que dispõe realmente do controle de sua vida.

Alejandro Ariza

Neste capítulo vamos refletir a respeito da responsabilidade pessoal.

Quando queremos fazer algo experimentamos uma sensação muito diferente de quando temos que fazer. A diferença está entre saber se queremos ou temos que fazer as coisas. Esta sutil diferença de palavras resulta ser uma enorme desigualdade de emoções ao agirmos, e varia grandemente nossa habilidade para respondermos diante daquilo que temos feito. Precisamente esta habilidade para responder nos fornece o grau de sensatez e seriedade no que fazemos, as medidas de nosso compromisso.

A grande maioria das pessoas disse pelo menos uma vez: “E …por que eu? ”, quando alguém pediu para que fizessem alguma coisa. Isso acontece mais comumente em nossa infância (física ou mental), quando chegava alguém “maior” que nós e nos dava uma razão, sua razão para que nós agíssemos por obrigação (e medo) e fizéssemos aquilo que o grandalhão queria. Assim, em nosso trabalho diário, existem diferentes causas que explicam o nosso comportamento. No entanto, todas essas coisas poderiam ser incluídas em apenas dois grupos: razões e motivações.

Esta é uma tese muito pessoal (proposição mantida com lógica) acerca das causas de nosso comportamento. O que fazemos, o realizamos por razões ou por motivos. A grande diferença entre ambas as causas é que a primeira provoca o “ter que” fazer as coisas, originando uma pesada obrigação; enquanto os motivos geram o “querer” fazer as coisas, originando uma orgulhosa responsabilidade. E é aqui onde queria chegar com você.

Se jogarmos com a palavra responsabilidade, nos parecerá que se formou da junção de outras duas palavras: responder e habilidade. Então, a responsabilidade bem poderia ser entendida como a habilidade ou capacidade para respondermos perante algo, algo que escolhemos livremente.

Esta poderosa habilidade para responder e saber que se está apto para viver um compromisso, é a dimensão a qual nos leva nossa responsabilidade, diferente de uma obrigação, que apenas nos leva a nos envolvermos com aquilo que fazemos, mas nunca nos compromete. Possivelmente será mais fácil entender esta tese com um pequeno diagrama:

CAUSAS

________________________________________________

RAZÕES                                  MOTIVOS

“TEM QUE FAZER”                      “QUERER FAZER”

OBRIGAÇÕES                        RESPONSABILIDADE

SE ENVOLVER                           SE COMPROMETER

Com o esquema acima me permito dividir com vocês a mágica e sublime dimensão de nossa responsabilidade. Ela surge de um autêntico motivo, e vem sendo esta causa interna que agita nosso ânimo e nos move até nos comprometermos com a ação; e absolutamente toda ação gerará um resultado e desse resultado, bom ou mal, devemos responder orgulhosos por nos conhecermos o autor. Isto é para mim a responsabilidade. De fato, ser responsável nos dá um enorme poder, nos diferencia do restante da comunidade, ao sermos capazes de responder diante de qualquer consequência do que temos feito, nos posiciona automaticamente como os autênticos donos de nossa vida.

Diferente da responsabilidade, a obrigação é o produto de uma razão, de uma causa externa que alguém nos impõe, talvez por identificar-se como alguém que exerce o poder sobre nós (aquele grandalhão, ou um pai, ou um chefe, etc.), e acabamos realizando, tendo que fazer, mas nunca chegamos a nos comprometer com os resultados que obtemos. Simplesmente estamos envolvidos em um processo. Distinguir entre estar envolvido e estar comprometido ficará muito claro, com uma pequena metáfora que ouvi há vários anos atrás, de um mestre.

É a seguinte: imagine um porco e uma galinha caminhando pelas ruas da cidade e conversando. De repente, ambos se detêm na frente de um restaurante e olham através de uma das janelas. Observam alguns clientes desfrutando vários pratos, entre eles havia um que comia ovos mexidos com bacon. Diante desta cena o porco disse: “Veja galinha, que sorte você tem! Eles consomem seus produtos e você continua aqui fora vivinha e rebolando, enquanto que um porco como eu, para que se consumam seus produtos neste mesmo prato, teve que dar a vida e morrer pela causa. ” A galinha está envolvida, enquanto o porco está comprometido, ele foi o único que deu a vida para estar lá.

Creio que se fizermos uma analogia desta metáfora com nossas vidas, explicaríamos que existem muitas pessoas que só se envolvem com o que eles fazem em suas vidas, muito poucas chegam a se comprometer. Existem muitas pessoas que fazem o que fazem porque têm que fazer, e seguem vivendo uma obrigação, sob o pesado julgo dos outros, enquanto que existe outro tipo de pessoas, mais felizes, que fazem o que fazem por causa da responsabilidade que gera seus motivos.

Se dê um tempo para pensar em você mesmo, um momento para crescer, e se fazer a pergunta: A que tipo de gente pertenço? O que eu faço, o faço por obrigação ou por minha própria responsabilidade? O que predomina no meu trabalho diário: razões ou motivos?

Se neste momento de reflexão concluiu que faz o que faz por ambas as causas, algumas vezes por razões e outras por motivos, é uma postura muito sensata de sua parte. Todos fazemos as coisas por razões ou motivos, no entanto, a grande diferença de qualidade em nossas vidas, está no predomínio de uma delas.

Na verdade, para estudar melhor essa predominância poderíamos trocar as perguntas pelas seguintes: Me responsabilizo verdadeiramente pelos meus atos? Com que frequência? Busco culpados por aqueles resultados insatisfatórios que eu tive? Com que frequência faço isso? Você verá que se responder sinceramente a essas perguntas, saberá a predominância em questão: razões ou motivos.

Poderíamos fazer mais uma reflexão: por favor, agora que você conseguiu entender o que temos aprendido nesta explanação, não volte a dizer a seu companheiro (a): “Meu amor, você é a razão do meu viver”. Já imaginou? Está dizendo que você tem que estar ali com ele (ou ela) por obrigação, mas não um para o outro. Lhe suplico que aplique o que aprendeu e diga ao seu (sua) companheiro (a): “Meu amor, hoje entendi que você é o meu motivo para existir”. Que tal, hein? Não é verdade que existe uma enorme diferença? Agora você manifesta que “realmente quer viver por ele (a) ”.

Mais uma reflexão: que motivador é saber ser o motivo de existir de outra pessoa! Chegar a ser motivo, é chegar a mover o coração de alguém para que queria, por própria decisão, ser, fazer e estar conosco e por nós. O tratamento amável (aquele com capacidade de amar) que damos aos demais, será o que nos transforma no motivo de viver de outra pessoa. Caramba! Confesso que tenho um impulso de continuar escrevendo a esse respeito, mas acredito que não terminaríamos nem em mil páginas. Seria todo um tratado acerca do amor e este não é o principal motivo deste presente ensaio.

Viver responsavelmente é ter em nossas mãos o destino que temos escolhido traçar em nossa existência. É saber que somos os únicos autores de nossa grande obra prima chamada: nós mesmos. E esta magnitude forja nossa responsabilidade. O preço é caro para entender esta proposta, o preço é a autêntica autoria, é saber que, o que você é no dia de hoje, é apenas o lógico resultado de tudo o que tem feito até agora.

Por exemplo, observe seu corpo. Observe com cuidado. Você gosta dele? Ele lhe desagrada? Pois bem, seja qual for a resposta que dê, é apenas o resultado do que você tem feito com ele desde os anos passados até agora. Observe sua mente, o resultado provém da mesma coisa, do que você tem feito com ela até o dia de hoje. Observe sua condição econômica. Novamente, é apenas o resultado de sua responsabilidade, do que tem feito com suas finanças até hoje. Entender isso, realmente compreender, nos levará a resposta da pergunta título deste texto: “E…por que eu?” Com a seguinte resposta: porque você escolheu, e apenas você pode alcançar o nível de compromisso, o compromisso com o resultado que você deseja gerar. Esta é a resposta que surge de um motivo, essa é a resposta que gera nossa responsabilidade.

Quero convidá-lo a incrementar sua responsabilidade para gerar a qualidade de vida que sempre desejou. Encontre motivos suficientes e profundamente emocionantes para iniciar a ação agora mesmo, e gerar o compromisso de seguir adiante. Do contrário, se não encontrar verdadeiros motivos, as razões aparecerão em sua vida. Essas razões são as que irão pesar de tal maneira, que a auto sabotagem aparecerá em sua vida mais depressa do que possa imaginar. Será a dieta que você começa na segunda e abandona na quarta-feira, será a prometida disciplina para fazer exercícios diariamente, mas que interrompe no segundo dia por qualquer outra causa, e não volta a recomeçar. A auto sabotagem é muito dolorosa, nos faz sentir culpa e vergonha de nós mesmos. No entanto, não é de todo grave, a única coisa que encontramos aqui é que não temos encontrado um motivo suficientemente emocionante e inquestionável para realizar a ação. A mera busca por esse motivo, a paixão por encontrar a força suficiente para agir, o fato de explorar dentro da enorme gama de opções que a vida nos oferece, são motivos suficientes para que você mantenha sua…Emoção por existir!

JCF

Tradução: Adri Bomtempi

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *